Oi Gente!
Vocês perceberam que voltei a escrever com tudo, né? Eu adoro escrever e compartilhar minhas experiências, acho que isso ajuda todo e todo mundo se ajuda. Cada um enfrenta as suas experiências de uma maneira particular, e isso nos faz crescer como pessoas. Então, vamos lá!
Eu moro em uma cidade pequena, cerca de quase 70.000.00 habitantes. Aqui existem apenas duas casas lotéricas, uma fica dentro de um hipermercado e a outra em um lugar nada acessível. Eu sempre prefiro a dentro do supermercado, até pela facilidade, já que eu vou sozinha pagar as contas, e e essa é mais acessível, É gente, vida de cadeirante não é esse mar de rosas que todo mundo imagina, a gente também paga contas como todo mundo.
Estava eu na fila da casa lotérica que tem apenas um caixa, e duas filas, uma fila prioritária (deficientes, gestantes, idosos, autista) e a outra fila "normal". O caixa atende uma pessoa da fila de prioritária, e um da fila normal e assim por diante. Estava lá esperando a minha vez até que uma mulher de uns 50 anos começou a falar:
-Bom, essa lotérica aqui é para as pessoas que trabalham no comércio. A outra lotérica é melhor, pois tem mais de dois caixas, um especialmente para as "Prioridades."E eu estava conversando comigo mesma: falo ou fico na minha? Fazendo mil perguntas pra minha cadeirante interior. Quando percebi já tinha falando:
-Se a senhora quiser eu troco de lugar com você. Senta aqui na minha cadeira, e vai naquele local sem acessibilidade, assim a senhora pode sentir o que é ser cadeirante de verdade em uma cidade nada acessível. A mulher ficou quieta e não abriu mais a boca. E as pessoas em volta ficaram com uma cara de riso - sabe quando você quer rir e não pode. E a vida continuou tranquilamente. E eu saí de lá orgulhosa do que falei, sai de lá diferente naquele dia.
Beijo grande
segunda-feira, 27 de janeiro de 2020
quinta-feira, 16 de janeiro de 2020
Entre cabelos e quimioterapia
Bom, quem me acompanha há algum tempo sabe quantos cabelos já tive. Claro, que é o mesmo cabelo, apenas com texturas e comprimentos diferentes. O importante é poder mudar, poder ter um crescimento não só no cabelo, mas também na vida. Ano passado, meus cabelos caíram em conseqüência da quimioterapia e com ele aprendi tanta coisa. sim, o simples fato dos cabelos caírem pode haver aprendizado.
Como falei anteriormente eu e meus cabelos tem história , já tive de vários tamanhos, mas antes de começar a quimioterapia eu tinha passado por uma transição capilar do liso para o ondulado com muita paciência e perseverança. Estava começando a gostar deles, quando recebo a notícia que iria fazer quimioterapia. Bom, a vida é assim, cheia de surpresas, não sabemos o que vai acontecer amanhã. Então bora, aproveitar o hoje até a última gota. Veio a quimioterapia e depois de 13 dias começou a cair. Eu sabia que só seria uma fase. Fui daquele grupo que achava que cabelo é de menos, cabelo cresce, o mais importante é a saúde. Onde eu passava os cabelos caíam, era muito doido, ( Gente, vocês não tem noção de quanto cabelo caia) Um dia eu fiz um coque e quando acabei de fazer o coque, minha mão estava cheia de cabelo. Sabe aquela fase que você vê nos filmes da vida sobre o câncer. Agora estava acontecendo comigo, mas não me desesperei, não. Foi só cabelo. Nesse mesmo dia eu passava minha mão por eles e caía em tufos. Então, pedi para minha irmã raspar de vez. Foi um alívio, sabe e ao mesmo tempo me ver careca foi estranho, mas eu sabia que era só um tempo. No começo eu usava lenços e muitas amarrações e tal, no final ia careca mesmo. ( risos) As pessoas já te olham quando você usa cadeira de rodas, imagina careca, te olham duplamente. Eu pensava pode olhar, essa sou eu, sem tirar nem pôr, uma louca. Ah, uma coisa muito engraçada que acontecia quando eu estava careca, sempre tive a mania de ter um elástico no pulso pra amarrar o cabelo ou fazer um coque. Na época da carequice, eu simplesmente me esquecia, é de vez em quando eu tirava o elástico do pulso para amarrar o cabelo, quando passava a mão na careca: - Putz, cadê o cabelo? Eu ria por dentro e sozinha, sou de peixes, né gente, avoada por natureza e eu gosto dessa essência, dessas minhas maluquices.
Enquanto as sobrancelhas e os cílios começaram a cair, sofri mais, claro que não um sofrimento arrastado, só uma dorzinha no coração (risos). Sou apaixonada por cílios e sobrancelhas e achei que fiquei um pouquinho estranha sem eles. E eu não tive paciência em desenhar sobrancelhas e usar cílios postiços, fiquei sem mesmo.
Depois de todo o tratamento, quando o cabelo começou a crescer, e com ele cresce a sensação é que a vida começou a voltar. Querer os nossos cabelos novamente é querer nossa vida de volta. Não é sobre os fios que estão crescendo, e sim sobre auto-estima, é sobre se reconhecer, é sobre quem você realmente é. Já faz oito meses depois da última quimio, e eles crescem fortes, de uma textura um pouco diferente do que era antigamente. ( quando escrevo antigamente me acho muito experiente haha) De todo jeito é uma forma de renascimento, talvez me vê de uma outra maneira. Depois de me ver totalmente careca, não me dá tristeza, no entanto foi uma estranheza, que eu não estava acostumada, agora com cabelos estou tentando me reconhecer de outra maneira, um olhar diferente sobre eu mesma. Afinal, talvez eu não seja mais aquela de antes de ficar careca, talvez não, tenho certeza.
Beijo grande!
segunda-feira, 13 de janeiro de 2020
O corpo e a moda
oi gente
Hoje vou
escrever sobre um assunto que toda mulher gosta. Isso mesmo que você está
pensando. Moda, estilo, roupa. Bom, já escrevi aqui que depois que fiquei
cadeirante tive que doar todas as minhas calças jeans, estávamos nos anos 2000,
né gente! Calças grossas que apertavam. Ainda sou uma amante dos jeans, mas
agora compro um número a mais que uso, e também dou preferência as calças que
tem elastano ou lycra na sua composição. Eu nunca
segui muito a moda. Eu sei que a moda me seguiu desde pequena, ainda mais pelo
meu nome. Eu penso que hoje em dia a moda é você se sentir confortável dentro
da roupa. Sentir que aquela roupa combina com você. A moda é revolucionária,
ela não segue nenhum padrão, verdadeiramente ela está de acordo com o corpo que
você tem hoje e agora.
Minha mãe é
costureira então ela sempre teve um cuidado a mais com as roupas. Eu e minha
irmã em algumas ocasiões usávamos roupas iguais, só mudavam as cores. E eu
gostava disso, isso me fez perceber desde criança que não era diferente.
Depois eu fui
montando e conhecendo meu corpo mais ainda e com ele as roupas que mais
combinavam comigo, ou que me sentia confortável. Quando eu tinha 18 anos,
usei um tutor nas pernas - já falei dessa fase por aqui também, e junto com o
tutor veio as calças rasgadas, não por que eu fui uma garota rebelde (tá,
só um pouquinho rebelde). No tutor existia um metal no joelho que que puxava
toda vez que sentava para ele se articular, e então consequentemente o metal
rasgavam as minhas calças todas ali. Nessa mesma época descobri o ALL
STAR - o único calçado que coube no meu pé, pois nesse tutor existia uma base
para os pés. Uma coisa que me apaixonei pelos converses foi a facilidade de
calçá-los, pois quem é cadeirante sabe que esse é um requisito que a gente
sempre prioriza.
Com o tempo o
meu corpo se transformou, pois cada década ele estava diferente da anterior,
ainda mais do que uma pessoa normal. Pois cada década ele se transformava junto
com a deficiência progressiva, no entanto eu também mudei na forma de agir,
pensar e principalmente de me vestir. Eu sou básica, mas gosto muito de
camisetas coloridas. Na época da quimioterapia, eu abusava nas cores e nos
lenços. Na época da quimioterapia também abusei dos vestidos, pois eram mais
práticos. Tudo é uma fase e você vai evoluindo e se reconhecendo ainda mais
como pessoa. Penso que essa trajetória de se conhecer ainda mais nos faz
humanos melhores, em qualquer área que seja: profissional, emocional, ou até se
reconhecer dentro da roupa que você está usando.
Conheça bem seu corpo.
- Não tenha medo
dele ou vergonha das curvas que você tem;
-Veja seus
pontos positivos, e os que você não gosta também (seja amiga desses pontos,
tenha uma nova perspectiva sobre o seu corpo e de que você
não aceita no momento)
-Se olhe no
espelho, não tenha medo ou vergonha. Aceite-se.
Como o Pedro Bial escreveu: "Desfrute do seu corpo, use-o de toda maneira que puder, mesmo! Não tenha medo do seu corpo ou do que as outras pessoas possam achar dele. É o mais incrível instrumento que você jamais vai possuir."
Depois desse
processo tenho certeza que você vai adorar a experimentar. Procure seu estilo,
veja as roupas que facilitam a sua vida, (principalmente quando se está
sentada(o) em uma cadeira de rodas). Ouse de vez em quando. Saiba qual roupa que
te faz sentir bem, bonita(o) e não deixe de se descobrir.
"A melhor cor do mundo é a que fica bem em você."
(COCO CHANEL)
segunda-feira, 6 de janeiro de 2020
Feliz 2020
Oi gente!
Feliz 2020!!!!!
Bom, 2020 é um ano de mudança é o que diz
os astros, os signos, os ascendentes, os planetas, o sol, a lua, as estrelas.
Se você não acredita não posso fazer nada. Eu sim, acredito que tem algo maior
que rege esse nosso planeta, todos os seres humanos e esses astros eles tem uma
interferência significativa na nossa vida e nos nosso comportamento quanto
seres humanos. Eu acredito que todo o caminho que a gente segue e as coisas que
acontecem tem um motivo, uma razão que vamos saber lá na frente.Tudo o
que acontece com a gente seja bom ou ruim significa aprendizado para te tornar
ainda mais forte do que você foi e positivamente melhor. Acredite. (Estou
muito esotérica.)
Já que 2020 é um ano de mudança, eu estava
indecisa quanto ao blog, o que faria com ele. Eu até pensei em desistir de
escrever. (eu sei que algumas pessoas querem me matar por isso, no bom sentido,
claro.) Teve dois fatos que me impulsionaram a voltar escrever. O primeiro foi
uma mensagem de uma pessoa cadeirante pelo direct do instagram.
A pessoa em questão escreveu que conhecia pouco da minha história, mas o que
conhecia ajudou a seguir em frente. sabe aquela frase. - "Não desista.
Alguém está se inspirando em você." Me senti inspirada também pela pessoa
que mandou o direct. Outro fato que ocorreu foi que vi um stories da
Dani do @organizadani sobre
produção de conteúdo, que me inspirou ainda mais. E cá estou, escrevendo
novamente pra vocês. Então, como esse ano irei completar dez anos de
blog e cadeirante, em meses diferentes, vou tentar ser mais assídua por
aqui.
O que você vai encontrar aqui no blog?
-Textos com experiências da lesada;
-Crônicas, contos e textos que falam
do cotidiano e de amor;
-Dicas de livros, filmes e séries
preferidos;
-Dicas sobre moda e estilo
-Fotografia
-Também escreverei sobre câncer (sim,
temos que desmistificar.)
Se você tiver uma crítica, uma
opinião, uma palavra, qualquer coisa: pode deixar nos comentários. Fiquem ligados por aqui e pelas redes
sociais que vem muita coisa boa por aí.
Facebook: Tuigue Venzon
Instagram: @tuiguevzn
Que comece os jogos, ops, o ano!
Beijo grande!
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