terça-feira, 30 de agosto de 2016

O improvável


Luiza sempre foi muito solitária, gostava dos dias frios, dos livros, romances, qualquer um que estivesse ao seu alcance. Ficava horas e horas jogada no chão lendo, ela sempre foi do tipo de garota que entrava literalmente dentro do livro, se via em vários romances que lia e se apaixonava. Luiza, criara até algumas listas dos livros e personagens que ela admirara durante a sua vida de leitora.

Luiza não se importava com a vida aqui fora, tinha um emprego razoável em um banco. Gostava de ir ao cinema sozinha quando algum livro era adaptado para a telona. Gostava de ficar na última fileira do cinema, onde ninguém a encontrava ou incomodava. Ela vivia em um mundo apenas dela.
Só que Luiza não esperava que seu castelo de cartas montadas poderia cair em algum momento. Em uma quarta-feira cinzenta com chuva caindo naquela cidade grande, onde as pessoas corriam e os guardas chuvas faziam a cidade multicolorida. Ela estava ali sentada no caixa fazendo seu trabalho mecanicamente como todos os dias. Contas, boletos, depósitos tudo ao seu redor até que um bom dia de uma voz doce lhe chamou atenção.

Ela arregalou bem seus olhos verdes, e a encarou, a moça do outro lado do balcão pediu para que ela fizesse a transferência de uma quantia em dinheiro. Ela demorou a entender e a cair em si. A beleza de Ana Flor tomou conta da cabeça de Luiza, a mesma se sentiu incomodada com toda situação. Depois da troca de alguns olhares: Maria Flor lhe pediu seu número e disse que se desse algum problema com a transferência poderia lhe procurar. Ela não conseguiu nem pensar, quando percebeu já estava entregando o papel com o número do seu telefone para a moça.

Quando chegou em casa Luiza estava atordoada com tudo que acontecera naquela manhã. Ela nunca fora tão imprevisível assim, sempre pensara tanto nas suas ações, como poderia ter feito aquilo. Entregar seu número de telefone para uma estranha que nunca viu na vida. Ela sabia que alguma coisa muito forte estava por vir, estava com medo do que sentiu ao ver Ana naquela manhã. Sempre sonhou em encontrar um dos personagens de seus livros e agora a vida dera um susto nela. Luiza estava com muito medo, no entanto ela sentia uma emoção forte só de imaginar Ana.
Pegou uma taça, encheu com vinho tinto suave, sentou-se no chão e começou a folhear: O invisível de David Levithan e Andrea Cremer, quando chegou na página do primeiro capítulo o telefone toca e seu coração dispara.

Texto publicado originalmente no Jornal: A Novidade 


segunda-feira, 29 de agosto de 2016

O Desfecho



Os dois estavam em um dia comum, até que ele falou para ela que não era bem aquilo que queria para sua vida. Precisava pensar sobre o relacionamento longo dos dois e das coisas que o mesmo acreditava e almejava para sua vida. Ela se pós em lágrimas e não sabia mais o que dizer e fazer. Ele a abraçou forte e seus olhos estavam rasos, ela o olhou novamente e perguntou se era mesmo isso que desejava. Ele fez sim com a cabeça e os dois ficaram ali abraçados por um tempo, até que ele falou que precisava ir. E se foi.

Uma semana depois os objetos dele foram encaixotados, suas roupas, tudo e ela mandou entregar na casa dos pais dele. Ainda tinha a sua presença pela casa, o cheiro dele impregnava tudo, as lembranças eram recentes. Aquele apartamento foi escolhido pelos dois. Ela resolveu vender e comprar algo menor, mais a cara nova de sua nova vida.  Começou a fazer coisas que sempre deixara para seu último plano. Mas as lembranças de felicidade ao lado vinham e iam como flashes. Ela pensou consigo e prometeu que iria ser feliz, talvez de um jeito diferente do que imaginou um dia, no entanto ele não estaria mais em seus planos e essa seria sua nova realidade e a mesma tinha que adotar isso para seguir em frente.

Recomeçou a fazer yoga, e até se matriculou em um curso de fotografia que a mesma deixou para trás. Mudou de emprego e recomeçou a fazer uma especialização. Foi mais ao cinema, leu mais livros, ouviu suas músicas prediletas, e até compreendeu que ter sua própria companhia era agradável. Conheceu alguns caras de personalidades variadas, aprendeu ser menos exigente consigo mesma. Voltou até andar de bicicleta e sentir o vento batendo no rosto. Comprou um peixe para seu aquário que há anos vivia vazio. Estava vivendo do seu jeito, sem pensar na possibilidade do que iria acontecer amanhã.


Nessas andanças de aprender coisas novas, em um dia qualquer depois de alguns anos conheceu Augusto um homem simpático. Saíram algumas vezes como amigos, de pouco a pouco, Augusto ia a conquistando, ela sentira diferente com ele, depois de tantos caras, tantas tentativas frustradas. Ela não estava procurando mais ninguém, somente um livro em uma livraria. Ela reconheceu que Augusto fazia rir de uma maneira que nenhum outro a fez, ele a surpreendeu e quando se deu conta já estava apaixonada. Então ela escreveu em seu diário com letras grafais – que estava muito feliz e nunca imaginou que a felicidade iria transbordar seu pequeno coração. 

Texto publicado originalmente no Jornal: A Novidade.

domingo, 21 de agosto de 2016

Experiências



Experiências são resultados da nossa ousadia na vida, sem ter medo de seguir em frente. Toda experiência é válida seja ela boa ou má, assim nós humanos crescemos e nossa imaturidade fica cada dia mais longe do nosso convívio. Toda experiência faz bem para a alma e espírito, seja qualquer forma de vivenciar: amorosas, financeiras, pessoais, interpessoais e lá vai um emaranhado de vivências.

Às vezes nós temos medo de seguir em frente em alguma situação, pois uma das nossas experiências foi decepcionante. O medo faz parte de muitas situações em que iremos viver. Se tudo fosse flores, simplesmente a vida não teria graça. Temos que lutar para conquistar o que um dia almejamos e quando conseguimos ai sim, você vai sentir o coração leve e a alma flutuante.

Queríamos que a vida fosse como um eletro doméstico que compramos em uma loja, no começo não sabemos nada dele, pois lendo o manual e com o tempo tudo se torna prático e fácil. Só que a vida não vem com manual de instruções para podermos seguir. Cada um leva a vida da sua melhor  maneira possível, erramos aqui, acertamos ali e vamos seguindo em frente. Trancando nossas experiências boas em um pote de vidro vazio e soltando todas as que nos machucaram para que vento leve embora.

Não podemos julgar outra pessoa por suas decisões, cada um faz a sua história, o seu livro de lembranças, experiências, acontecimentos que irão levar para a vida inteira. Nós temos uma porcentagem de decisões que temos que tomar todos os dias e que podem provocar consequências em uma vida. No entanto, somos um amontoado de experiências que vivemos todos os dias, quanto mais melhor para podermos contarmos todas as histórias engraçadas, alegres e tristes independente de qualquer situação histórias são sempre histórias.