domingo, 23 de setembro de 2012

Deficiência e histórias.



     A minha deficiência é uma forma rara, que até hoje nesse mundo cibernético, onde as pessoas se encontram, nunca encontrei uma pessoa sequer com a minha doença. Para ter uma noção ela não tem nenhuma denominação, nome. Mas, mesmo assim vou dá uma explicada básica do que se trata, quem sabe alguém lê e se identifica. Eu gostaria de encontrar alguém com a mesma deficiência, quem sabe para trocar informações, ideias, ou até mesmo dificuldades. Imagina então, no começo dos anos 80 quando nasci e meus pais receberam o diagnóstico que receberiam um bebê com uma doença desconhecida até então. Depois do meu nascimento fui direto para a UTI, os médicos não sabiam o que acontecia comigo, minha mãe já tinha escolhido meu nome, ninguém se conformava com o mesmo, como nasci doente ela resolveu colocar, não saberia se eu iria durar muito. (risos) Depois de muita pesquisa, muitos exames, vivi praticamente três anos e meio dentro de hospitais, médicos, até fui diagnosticada com problema no coração, depois de um tempo fui liberada. Então, chegou uma hora que descobriram que minha doença é rara. Eu sofro de má formação arteriovenosa com paraparesia progressiva, bonito o nome né? Então você pergunta o que é isso? É um distúrbio congênito dos vasos sanguíneos, causando passagem anormal de sangue entre artéria e veia. Não se conhece sua causa. As malformações arteriovenosas variam muito de pessoa para pessoa.  As lesões também variam, desde as muito volumosas envolvendo muitos vasos sanguíneos, até as lesões tão pequenas que dificultam sua identificação nos exames. As malformações extensas podem envolver um fluxo sanguíneo suficiente para estressar a capacidade de bombeamento do coração.  Normalmente os sintomas se manifestam somente quando ocorrem complicações. Em muitos casos esses sintomas se relacionam a um sangramento dos vasos anormais, que são quase sempre frágeis, e não possuem a estrutura normal de suporte das artérias e veias. A minha é um dos casos mais leves, mas ela tem uma agravante que é a paraparesia progressiva.  Na época, os médicos pesquisaram e chegaram à conclusão, que existia meia dúzia de casos no mundo todo como o meu.  Então, com três anos e meio eu comecei a andar e os hospitais sempre fez parte da minha vida, até hoje. Depois que eu fui alfabetizada, eu adorava ir ao médico com minha mãe, eu sempre precisava soletrar meu nome para as secretárias e achava isso o máximo! (risos)
  Eles ficavam espantados como tive coordenação motora e outros avanços que essa doença não estabelecia em outros casos. Até hoje, ficam abismados como consegui andar, isso sem contar que quase fiquei sem as minhas fininhas e queridas pernas por fazer três arteriografias seguidas, um exame bastante evasivo, fiquei uma noite inteira sem circulação nas pernas, então colocavam bolsas de gelo e infravermelho, até que chegou uma hora que a circulação voltou. Alguns anos atrás,  ainda caminhava com as minhas muletas, e fiz um exame, chamado "Ressonância Magnética", depois do resultado do mesmo os médicos não acreditaram naquele diagnóstico e receitou outra em menos de um mês. Pra eles aquilo era fora dos padrões, como eu poderia estar ali em pé, se a minha coluna não respeitava as regras que o meu corpo apresentava. Eu sinceramente não sei por que isso aconteceu, mas quem sabe o que isso significa. O importante que apesar de todas as dificuldades que eu passei que não foram poucas, eu estou bem psicologicamente, (pouco maluca às vezes, mas faz parte do show) e também meu corpo ainda apresenta bastante movimento, me viro bem em qualquer movimento que eu faço. Subir escadas é complicado, mas tirando esse detalhe, tudo está em perfeita ordem. Nesse mundo de deficiências sempre existe pessoas em melhor ou pior situação.  Uma dica que aprendi nesses doze anos de muletante e agora cadeirante, sempre consiga adaptar-se ao seu modo de vida, chore quando for preciso, porque às vezes temos que colocar as angústias pra fora. Mas nunca se esqueça que a vida é maior que qualquer par de pernas inertes.  E sempre haverá surpresas no amanhã!

Beijos cadeirantes! :)

Um comentário:

  1. Meu nome José Carlos, em 02 de março de 2010 a vida chegou ao momento em que daria (e deu...rss) sua maior reviravolta, sou enfermeiro com algumas titulações principalmente para atendimento de alta complexidade. Sofri acidente de motocicleta e, no instante que o corpo de bombeiros me deixou no PS, de pronto ouvi. "_Manipulação em bloco, este vai ficar tetra". É muito longa toda história pra colocar em um comentário. Tenho lido seu blog há muito tempo. Nem de longe, sou tão privilegiado como tu és em usar as palavras e, é aí que te digo, preciso de auxilio.
    Outros desafios maiores ainda chegaram, mas minha saúde sem nenhuma intervenção convencional praticamente se refez, hoje eu fui ao neurologista e o próprio quer me submeter a outros exames e à avaliação de outros colegas porque nem ele mesmo tinha a ínfima esperança de que eu pudesse voltar a andar de forma ereta, quiçá me ver de volta ao trabalho e voltei, criei dois blogs, um chamado avanteenfermagem.blogspot.com, outro comunidadedoencasraras.blogspot.com
    (tá vendo como não sou muito bom com as teclas pra transmitir o que busco, já estou me desviando rs), há um mundo vivo além das teclas, preciso que dê este toque de vida nestes blogs, mas isto depois de te contar tudo que me aconteceu e te dizer que existe uma esperança até mesmo a ti, que por vida própria garanto que se torna uma realidade, a mim foi me livrar de analgésico extremamente potentes e destruidores, e tomar a minha capacidade de auto cuidado em minhas mãos. Meu sobrinho dá sinais de trilhar a mesma jornada, mas com outra patologia. Deus fará com que chegue a ti a minha sinceridade. Tenho muito a te dizer e te perguntar, temos muitos a estender as mãos, CREIO com MUITA FÉ, meu email jcdn12@gmail.com, ou jcdn10@gmail.com
    Se fui inconveniente ou inoportuno, me perdoe por esperar tanto e ainda assim escolher o momento errado. Fica com Deus e com a certeza de que leio tudo que tu postas. Falando em inclusão, to aqui tentado te incluir num sonho muito maior do que qualquer realidade que tenha imaginado pra mim mesmo. Hoje comentei com uma amiga que iria te procurar, ela também te conhece pelo que postas, disse que eu não conseguiria te envolver neste sonho. Aguardo a atitude que me dará a resposta.
    José Carlos

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