Atire a primeira pedra quem nunca teve alguma Neura na vida, seja
por uma parte do seu corpo, aquela prova de matemática difícil ou até mesmo uma
espinha na testa. Bom, nós seres humanos temos a mania de aumentar os problemas
que esbarram em nossas vidas. Assim, ficamos com aquilo na cabeça, persistindo
e não há quem tire o pensamento da dificuldade que vamos encontrar lá na
frente. Ser cadeirante não é uma coisa fácil, claro, quem imaginaria que
aos longos dos meus 30 anos estaria aqui sentada em uma cadeira de rodas
vermelha, top, por favor! Vocês estão cansados de saber que não sou de arrastar
correntes por um problema que atravesse meu caminho, mas vou confessar que às
vezes eu tenho umas neuras. Mas, respiro fundo, conto, um, dois, três e tento tirar
isso da cabeça o mais rápido possível. Claro, que como qualquer pessoa temos
dificuldades, momentos tristes, alegres e por aí vai, não é por estar numa
cadeira de rodas, que vamos ser diferentes não é mesmo? E se for mulher então? Complicamos ao quadrado. Algumas têm dificuldades de aceitar o próprio
corpo depois da lesão medular, não usam shorts, saia que apareçam as pernas
tortas e magras. Sabe-se que quem é cadeirante com o tempo vai perdendo a
musculatura das pernas, braços e por aí vai. E você vai se importar com suas pernas fininhas? Até as pernas fininhas e molinhas tem seu charme. (risos) São
muitos os problemas que os cadeirantes enfrentam, mas vamos fazer um trato! Nada
de ‘“Neuras” por enquanto, nada de que não posso e não sei. Com a vida
aprendemos muito e eu sempre digo que ser cadeirante é uma escola, onde as
matérias são as mais diversas e improváveis possíveis, só sentindo na pele para
aprender e passar de ano nessa escola da vida. Cada dia você aprende consigo
mesmo e com as outras pessoas que, além das rodas existem uma pessoa em cima da
cadeira, com defeitos, qualidades, (mais defeito que qualidades, está bem, sem
"Neuras"), que ama , chora, ri, sente como qualquer pessoa. Nada de extraterrestre ou aqueles seres verdes de outro planeta por razão de uma cadeira de rodas tão inofensiva. Não sei porque as pessoas têm o costume de nos taxar como heróis, que superamos qualquer obstáculos. É tudo é uma questão de adaptar-se ao meio que vivemos.
Além de todos os problemas que nos afrontam todo dia, dá de levar uma vida
legal, apesar das rampas mau feitas, escadas, banheiros não acessíveis,
preconceito, temos que ser nós mesmos, sem pensar no que o outro vai falar, vai
pensar de mim e etc. Só precisamos de muita força nos braços e paciência com as perguntas bestas que aparecem. Como fala o Tio Lica: "Tudo na vida é passageiro, menos o cobrador e o motorista". (risos) A vida de cadeirante tem o seu lado cômico, isso eu tenho certeza, porque cada sem noção que aparece, que precisamos de uma dose muito grande de humor escrachado.
Uma vida sem
neuras, ok? Vamos tentar?
Beijos Cadeirantes!
Parabéns pelo texto e pelo blog!
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