domingo, 10 de agosto de 2014

Momentos!


Acredito que a vida seja feita de momentos. Momentos felizes e aqueles momentos não tão felizes. Momentos que ainda estão por vir, momentos que você ainda não viveu e que não irá viver. Se eu fosse escolher de todos esses momentos feitos em uma vida, escolheria um momento que nunca irei mais viver. Andar. Eu já andei até vinte e poucos anos, mas queria saber como seria agora, como eu seria sem nenhuma deficiência existente. Como eu seria no papel de andante, o que ela pensaria, como agiria, como seria verdadeiramente? São muitas perguntas sem respostas, mas sou feliz com as escolhas que fiz, com as pessoas que conheci, com os amores que tive. Cada momento que tive foi muito válido e muito vivido, entretanto são sonhos que a realidade não pode satisfazer. 

Não sou pessimista, porém tenho os pés no pedal da minha cadeira e a realidade é muito outra. Só você sentindo esse mundo cadeirante que vai perceber que a melhor escolha é tocar as rodas para frente do que esperar uma cura milagrosa. A vida é feita de sonhos, de palavras que se juntam no meio de uma madrugada fria e sem sono. É desse tipo de momentos que criamos momentos que não estão escritos no nosso futuro, no entanto estão escritos no nosso pensamento.

Então imagine um dia que você poderá viver de uma forma totalmente diferente. Eu escolheria a minha idade, o mês de janeiro, a estação verão e o dia mais lindo de sol que existe nesse mundo. Eu acordaria cedo, sentada na cama já sinto o chão frio do piso, meus pés magros, e, de repente, meu corpo se ergue e eu me levanto, vou até o banheiro, entro, ligo chuveiro e sinto a água quente bater contra meu corpo, sinto a água escorrendo pelas minhas entranhas e não preciso colocar mais quente, pois estou de pé. Coloco uma roupa confortável, pego a bolsa, coloco protetor solar, óculos de sol, livro, caderno, caneta e todas essas coisas necessárias para um dia. Pego a bolsa, e sem precisar dar satisfação a ninguém, saio de pé, sinto meus pés pelas calçadas das ruas, sinto o sol queimando a minha pele, sinto o vento fresco do dia que só está começando. Eu ando em uma rua ensolarada com árvores e bancos. Sento em um dos bancos, pego meu caderno e faço algumas anotações. Leio um pouco e fico observando as pessoas passarem e me olharem.  Levanto dali novamente e caminho pela rua linda, cheia de cores, cheiros e momentos novos. 

Eu ando sem parar, me sinto livre, até começo a girar com os braços abertos. As pessoas que passam por mim, olham e continuam seus caminhos. Mas elas não sabem o quanto sou feliz, e aquele momento único está acontecendo. 

Recebo a ligação de alguém especial e marcamos de almoçar juntos. Chego até o lugar que marcamos, e ele já está a minha espera. O mesmo comenta como estou bem. Almoçamos juntos e, depois, saímos para conversar sobre nossas poesias, nossas palavras. Visitamos alguns lugares com muitas escadarias, até sentamos na escada e ficamos observando à tarde, enquanto conversamos de tudo e qualquer assunto, livros, músicas, vinhos, política e até futebol.  Tomamos sorvete de chocolate, enquanto a tarde passa por nossos olhares. 

Então, ele me convida e vamos à praia e sentamos na areia, ficamos observando a beleza desse pôr do sol e único, pois não haverá mais nenhum igual. Tiro os sapatos e empurro a areia com os pés. Corremos até a água e tomamos banho de mar. Sinto a água salgada tomar conta do meu corpo e gosto da ideia de sentir tudo aquilo. Só quero que aquele dia não acabe. Quero sentir tudo novamente, aquele dia simples de um dia como qualquer outro. Sentamos na areia novamente para esperar a roupa secar. Falo pra ele o quanto estou feliz, e discutimos nossas filosofias sobre o mundo e a questão da felicidade. Depois, voltamos para casa, pois o dia já está no final, e amanhã não serei mais uma andante. Antes de adormecer, irei sentir tudo o que vivi naquele dia, sons, cheiros, toques, ventos, sol, o janeiro mais interessante da minha vida. 



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