sábado, 27 de dezembro de 2014

Apenas um texto!


 Bom, o meu primeiro texto saiu no jornal Os Dias. Êêêêêêêê! O Gabriel me pediu para que a lesada que vos fala escrevesse sobre uma moça cadeirante chamada Bruna Priscila Pfleger que leva seu nome na Plataforma Elevatória construída no prédio da Câmara de Vereadores da cidade de São João Batista.
  Eu sei que são apenas 800 caracteres, porém pra mim é um passo muito importante. O blog é só um diário onde escrevo o que penso, meus anseios, esperanças, medos, acessibilidade, e principalmente sobre a vida. Sair no jornal é uma rodada mais importante, algo mais formal. Então!!!!! Sai no Jornal.
      Bom, quando recebi o realese e comecei a ler, nossa, que história emocionante, fiquei com medo de que minhas palavras não alcançassem o que as pessoas esperavam. No primeiro momento eu até pensei em não escrever, pois tinha pouco tempo e não saberia se iria ficar um texto legal. A noite me deitei e fiquei pensando, então resolvi levantar, peguei o notbook e comecei a escrever. Li o realese umas 5 ou 6 vezes e também entrei no facebook da menina. Eu acho que ver ela me inspirou, os depoimentos dos amigos, da família, fotos, textos, tudo que ela pensou um dia estava lá..Todos nós temos medo de ser esquecidos, é natural do ser humano, queremos sempre ser lembrado por algo extraordinário, mas acho isso besteira, todos nós já somos seres magníficos, só de estar  aqui, passando por esse mundo, por isso que devemos só plantar coisas bonitas. E então eu escrevi o texto tão esperado....  Quando terminei, mandei um e-mail com o texto, no outro dia me respondeu dizendo que estava show, que só tinha trocado algumas palavras do final, mas o sentido ficou o mesmo.
      Sempre temos planos, mas os planos sempre são adiados, e substituídos por coisas menos importantes, porém temos que tentar mudar nossa posição diante desses questionamentos. Esse ano quero fazer diferente, não só pela Bruna, mas por tantas pessoas que se vão tão jovens, muitas vezes injustamente. Suas vidas são cortadas no auge, você não se prepara para partir, não se despede dos pais, irmãos e amigos. E deixa aquele vazio de sempre, nas pessoas, nas ruas, na cidade e com o tempo você é esquecido. É muito triste o que tem acontecido ultimamente, pessoas se despedindo cedo demais e o que é pior injustamente, mas tenho certeza que a Bruna não será esquecida, no jornal ou no elevador seu nome será evocado.
Quero agradecer muito ao Gabriel pela oportunidade, foi muito enriquecedor, mesmo simples, foi muito legal ter participado desse momento. É bom ver que as coisas estão mudando, elevadores, acesso, precisamos muito disso no nosso dia-a-dia de cadeirante.


Sobre a homenageada:


Bruna Priscila Pfleger viveu apenas 25 anos, mas nos corações daqueles que a conheceram estará viva para sempre. Isso porque a vida dela foi marcada pelo entusiasmo. Além disso, determinação é uma palavra que a descreve bem. Natural de Nova Trento, ela só foi até a Terra de Santa Paulina para nascer em 02 de outubro de 1988, pois sempre amou viver em São João Batista e deixava isso bem claro para quem a perguntasse. Filha de Cecília Pfleger, viveu sempre rodeada de amigos e cresceu ao lado dos avós Pedro João Pfleger e Ademilda Maria Petri, no bairro Tajuba II. Desde o dia 26 de março de 2005, a menina ativa teve que readaptar a vida, devido um acidente de carro, em Tijucas, na SC 410, antiga rodovia SC 411. No perído de nove anos e meio após o acidente, Bruna esteve cinco vezes no Centro de Reabilitação Sarah Kubitschek, onde aproveitou cada oportunidade, pois nunca se imaginou parada em volta de quatro paredes. Ela tinha pavor disso e fica muito preocupada ao saber que algumas pessoas que se tornavam cadeirantes desistiam da vida, e quando acontecia algo com elas, ninguém mais nem lembrava. Mas, como todo ser humano, é claro que para uma adolescente enfrentar a notícia de que dependeria da cadeira para se locomover foi também difícil no início, porém foram questão de dias. Tanto é que no mesmo ano, Bruna seguiu seus estudos e se formou no Ensino Médio, indo ela própria buscar seu diploma. Bruna se despediu da vida em 13 de agosto de 2014, após seis dias de internação no Hospital de Azambuja devido a uma infecção que começou urinária e terminou generalizada. Um dia antes, tranquilizou o próprio coração e o daqueles que a amavam ao relatar que teve uma visão de Nossa Senhora Aparecida, a quem eram muito devota.




Meu texto:



     Hoje escrevo para a menina de sorriso largo e sem espaços em branco, ela soube com maestria preencher seu mundo de quatro rodas, amigos, família, amor, lar e vida. Sim, vida linda, querida, mesmo quando as ruas calçadas pareciam tão distantes do seu ideal, rampas mal projetadas, tudo fora da sua realidade, ela seguia seu trajeto com o sorriso de sempre, contagiando as pessoas que passavam por sua presença. Ela enfrentou, superou, amou, abraçou, sorriu, viveu e nos deixou com saudades imensas e corações apertados.

     Sua vida será sempre lembrada, pois ninguém esquecerá que sua luta também foi nossa e hoje nos deixa seu nome em um elevador para outros cadeirante que como ela buscam respeito e a oportunidade de ir e vir.
      Seu nome será recordado cada vez que o elevador subir, para a estrela lá do céu, sempre brilhar.


Um beijo grande!


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