sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Apaixone-se pelo incerto



Picasso descobriu sua paixão pela pintura aos oito anos de idade, Einstein também descobriu seu amor pela física cedo. Eles sim são pessoas sortudas diria, desde cedo seu trabalho que não é trabalho virou uma paixão absurdamente necessária em suas vidas. 

Fotografia do meu arquivo pessoal



Depois que o segundo grau acaba, nós, mortais nem físicos e pintores ficamos em um dilema. O que vou fazer? Que carreira tomar? Que faculdade fazer? Será que vai dar certo? Milhões de perguntas que torram os neurônios do nosso cérebro. Insegurança, medo e ansiedade, tudo isso combinados com a nossa falta de experiência diante de tantas responsabilidades que um dia teremos. Só queremos um trabalho que garanta nosso sustento e um pouco de tranquilidade na vida, algo que nos faça feliz, realizados como pessoas e profissionais. Mas posso lhe dizer que se você é um quarentão e ainda não descobriu sua paixão de verdade. Relaxa. Os quarentões mais interessantes são aqueles que não sabem o que fazer da vida.

A gente cresce, e o mundo está sempre nos cobrando. Somos jogados como um cometa em um planeta desconhecido e sem saber o que fazer. O que nos resta? Um trabalho razoável, casar, ter uma família, ter filhos. Pronto! Se você não está dentro desses padrões, a sociedade te cobra o tempo todo e a rotação do mundo não para e as cobranças estão de mãos dadas com ela. Se é um lunático que deixou casa e viaja pelo mundo é taxado de doido, maluco e que seus pensamentos voam para a lua. Sua vida tem que estar relacionada a paixões e principalmente ter algum sentido, ninguém consegue viver na monotonia. 

Eu, por exemplo, descobri que escrever talvez seja uma das minhas paixões, mesmo que eu erre, volte atrás, corrija e tudo mais. A insegurança de um mundo novo faz parte da descoberta do que você gosta e nunca se imaginou fazendo. Descobri isso aos vinte nove anos, me arrisquei, tive medo, porém enfrentei cada desafio dado e relacionado a escrever. Errei muito, confesso e ainda erro, sou muito autocritica, porém aprendi que cada pessoa escreve de um jeito diferente, cada um pensa de uma maneira particular e tive muita dificuldade de passar minhas ideias para o papel. 

Talvez, você não concorde com nada que eu escreva, todos nós somos escritores da vida, entretanto alguns passam para o papel com mais beleza e plenitude, outros não.  Se existisse uma máquina para ler meus pensamentos e os textos que surgem de madrugada ou quando lavo a louça do café. Bom, você seria surpreendido com as minhas paixões mal sucedidas e a loucura dessa vida.

Tente procurar algo que de sentido a sua vida, que te faça feliz, de verdade. Não seja hipócrita, nem leviano, apenas siga. Às vezes somos condenados a fazer coisas tão mecanicamente que esquecemos dos nossos sonhos, das nossas vontades.  Se liberte por paixões avassaladoras e não tenha medo de futuros incertos. Nada dura para sempre e consequentemente você sempre procura o caminho mais certo, sem elevações e obstáculos. E quase sempre o caminho mais difícil te leva a um lugar que não é seguro, porém somos covardes do incerto. É o incerto que nos leva a nos apaixonar pela vida. 

 Publicado originalmente no Jornal A Novidade em 07/08/2015


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