sexta-feira, 21 de agosto de 2015

No intervalo




Quando uma criança nasce, seu choro é audível para todos que estão ao aguardo da mesma.  Faz-se o nascimento de mais uma vida. Ela chora com a esperança e a vontade de falar: e o mundo responde com o mesmo entusiasmo do seu choro, quase que desesperado, mas, na verdade é o choro do começo de uma vida. E o mundo grita para a criança: seja bem vinda! 

Entre o nascimento e a morte, o que nos resta é o intervalo. Nesse pequeno espaço é que realmente vivenciamos as descobertas desse fenômeno chamado vida, onde nos questionamos e fizemos essas perguntas existenciais que tentamos responder por toda a nossa existência e quase nunca descobrimos as respostas. De onde viemos? Pra onde vamos? O que viemos fazer aqui?  Temos medo do fim, porém desperdiçar momentos com coisas e pessoas que não nos fazem bem é a maior falta de tempo que podemos tomar da vida. Descobrimos que na adolescência podemos tudo, que somos invencíveis e que a aventura da vida só começou, no entanto a outra metade, lá pelos trinta, quarenta anos também nos traz experiências da aventura de uma vida que é muito melhor quanto nossa falta de experiência da adolescência.



No Intervalo, descobrimos que toda escolha tem suas consequências e que temos que arcar com os resultados.  Descobrimos que a felicidade é uma questão de querer, que precisamos saúde e vamos sentir falta dos joelhos bons quando jovens. Descobrimos que precisamos nos amar primeiro e aceitar os nossos próprios defeitos para então conseguir amar o outro. Descobrimos que vamos sofrer por amor e por pessoas que nos decepcionaram e também vamos decepcionar pessoas, apesar de muita gente não acreditar, ninguém é perfeito e estamos aqui para aprender com os erros.  No intervalo vamos descobrir que as encrencas de verdade são feitas para passar por cada obstáculo colocadas por elas mesmas.
  
Vamos descobrir que qual seja o resultado, sempre queremos levar pra casa um sentimento bom, seja qual for. Que subir na vida de verdade é saltar de para quedas. E que amores de verão também pode ser intenso, ou até virar pra toda a vida.
                                                                     
Estamos sempre em busca de prazeres superficiais, e esquecemos dos prazeres da vida. Como mascar chicletes, assistir ao um pôr do sol, fazer um piquenique, ir ao um show, beijar ou até encontrar um amigo dos tempos da escola e ficar de papo pro ar. Leia mais, sempre tenha um livro pequeno dentro da bolsa, assista todos os filmes clichês, e escute sua música preferida. Decore seu poema predileto e recite-o para alguém em especial. Tenha um álbum de fotografias com os momentos especiais.  

Aproveite o intervalo e não tenha medo, tenha coragem de fazer coisas e até sentir mais do que você poderá lembrar um dia. Tome cálcio, aprenda a tocar um instrumento, escreva em um diário, e também declare seu amor, não tenha vergonha.  Uma vez ou outra decida perder um pouco de tempo. Diga mais “Bom dia”, “Por favor”, “Desculpe” e “Obrigada”. No fim da vida, você esquecerá todos seus erros, mas se arrependerá do que não ousou fazer. Ouse muito. Tenha fé e morda a vida com vontade. Não deixe o melhor para depois, a vida é curta demais e nunca se sabe quando chegará o final. 

Texto publicado originalmente no Jornal A Novidade em 21/08/2015

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