quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

ReAprender!

Reaprender é uma palavra que sempre esteve presente na minha vida. É engraçado, que eu não lembro a primeira vez que consegui caminhar, mas nunca vou esquecer a segunda vez que reaprendi.  Aos longos dos meus 30 anos, (quase 31.. risos), eu reaprendi que a vida é feita de constantes mudanças e que você tem que sempre está preparada para enfrentá-las,  quando a preparação não acontece, temos que enfrentá-las da mesma forma.
Quando se tem uma doença progressiva, aprendemos na marra que a vida é feita de mudanças e adaptações,e quem sabe por isso levamos a vida de uma forma diferente, de um jeito único, que só nós mesmos soubemos enfrentá-las sem amarras, nem tristezas, pois sofrer todo mundo sofre, mais você tem duas escolhas: saber viver da melhor forma possível, ou viver constantemente brigando com a vida. Eu escolho sempre ser feliz, porque a vida é muito curta para sofremos por uma condição que não pode mudar. E vamos lá, que a deficiência tem suas vantagens.
A minha vida inteira foi uma constante adaptação, quando estava tranqüila naquela situação, mudava tudo de novo... Foi assim quando aprendi a andar, quando usei as minhas botas ortopédicas, e depois veio o tutor, e por assim passou as muletas e a minha história de 10 anos com os meus braços apoiados nelas, quando precisava elas estavam ali para me apoiar, quando as minhas pernas já não conseguiam mais acompanhar meu corpo, ai sim, veio a minha super cadeira de rodas vermelha com suas borboletas onde dei vôos rasantes... Reaprendi que apesar de está sentada em uma cadeira de rodas sou uma pessoa como todas outras, que eu posso reaprender, me adaptar e me reinventar à cada dia... E que nada nesse mundo vai mudar meu jeito de ser, com as minhas maluquices, delírios e os meus sonhos...  Que tudo que passei, me deixou mais forte, mais capaz de ser eu mesma, com os meus defeitos e todas as qualidades que tenho, se é que eu as tenho... 
ReAprender é um ato de aprender novamente o que você já teve algum dia... E sabe qual o ReAprendizado que mais importa? É reaprender a amar novamente, não falo só do amor romântico, mais reaprender amar as pessoas que nos cercam, que cuidam de nós... Esse mundo é tão louco que às vezes esquecemos desse mero detalhe!

Reaprenda sempre, e não tenha vergonha de Reaprender constantemente!!!!

Com todos os seus enganos, labutas e sonhos não realizados, este continua a ser um belo mundo. Cuide-se. Esforce-se por ser feliz... (Max Ehrmann)

Beijos Enormes!!!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Mais do mesmo!!!!

Ultimamente tenho me interessado em  comprar sapatos, tênis, qualquer coisa que se refira aos meus pés, na tentativa de deixá-los mais bonitos e também confortáveis. Mais não tenho tido sucesso no quesito beleza... (risos) 
Então, o último que eu adquiri foi um All Star, tipo sandália, ele teve fora de linha por um bom tempo, mas esse ano voltou com força total... Então eu decidi comprá-lo, porque além de confortáveis, esse tênis é um dos únicos que se adapta bem aos meus pés, que além de tortos, são gordinhos,  e ainda por cima tenho pés altos...  Ninguém vai entender mesmo o formato do meu pé, deixo essa incógnita... haha 
Soltem a imaginação... Mais continuando, esse tênis tipo sandália, pode-se usar no inverno e também no verão. Aliás uma da vantagem de ser cadeirante é que economizamos sapatos, se isso pode-se considerar  uma vantagem.
Vocês estão carecas de saber que a doida aqui, desde a adolescência é apaixonada por esse tipo de tênis...Sei lá eu sempre fui diferente, e sempre vou ser, pelo nome, deficiência e tudo mais que eu carrego... E nos pés não seriam diferentes. Maluquices, sempre vão existir no meu cotidiano, como forma de carregar a minha identidade... Cadeira são apenas cadeiras, tênis serão apenas tênis, mais você nunca pode desistir de algo que você goste, você sempre tem que ter a sua opinião própria, pessoas são diferentes, por isso temos que aceitar o espaço um do outro... 
Mais voltando ao assunto do meu all star, então comprei um verde, verde esperança, ele também combina com o momento que estou vivendo agora... haha
Ser deficiente e ter pés tortos têm lá, suas vantagens... (risos)

Tem uma loja super bacana que tem muitos modelos, para quem se interessar pelos náuticos, vou colocar o link aqui:

Fica a dica!!!

Beijos enormes!!!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O que é normal???






Pra você o que é ser normal? Normal pode ser andar com as duas pernas, no entanto também pode ser rodar com suas rodas. O que pode ser normal pra mim, talvez não seja o mesmo pra você.  Normal é uma palavra que abrange muitos significados e cada um define qual o melhor para si.  Somos taxados por uma sociedade onde estamos divididos entre os normais e anormais.  Será que não poder ter pernas consideradas normais vai fazer que eu seja diferente dos outros? Somos pessoas extremamente julgadoras e até preconceituosas. Temos que sempre melhorar e se possível ser mais leve com a vida, mais leve com você. Não se sacrifique.
 Penso que é a melhor maneira de encarar a vida é ser completamente normal em cima de uma cadeira de rodas, muletas ou qualquer deficiência que seja. Às vezes é impossível ignorar a cadeira, nunca passa despercebida quando se está sentada em uma. Vamos analisar o lado positivo dessa história, seremos sempre notados, mesmo quando não queremos.
Com o tempo a cadeira vai se tornando um mero acessório para te auxiliar a andar, que significa que ela não é tão importante assim, quem está usando-a é quem realmente importa. Sempre temos que lembrar que nós cadeirantes, somos pessoas como qualquer outra e temos que estar em primeiro plano na imagem cadeirante que as outros tem de nós.  A verdade que a vida está acima de uma cadeira de rodas, e de ser normal ou não. Você pode não mexer as pernas, entretanto sempre haverá um sorriso, uma palavra que sempre te levará para quem sabe uma outra pessoa.  Sempre estamos tentando provar que somos capazes de fazer qualquer coisa.  Às vezes cansa! Sabe o que é importante? É ser você, sem ser taxado por isso ou aquilo, se é deficiente, ou não. Quando nos aceitamos do jeitinho que somos, com as deficiências, qualidades e defeitos, tudo flui e o mundo flui a seu favor.  Vamos perceber que tudo é mais fácil do que imaginávamos, e por favor não faça da deficiência o muro de lamentações da Terra Santa. Ser deficiente é inteiramente normal.
Eu sei que às vezes é complicado, mas existe solução para tudo nessa vida. Não é uma cadeira de rodas que vai te atrapalhar, não é mesmo?
Temos que abrir a porta pra vida, sair, esquecer literalmente que está sentada em uma cadeira, sei que pode ser uma fase demorada, porém com o tempo a cadeira já vai tornando parte do seu corpo. Ela vai tomando conta como se fosse suas pernas. Pernas que rodam, que saem, que enfrentam obstáculos, que ocupam espaços vazios da sua alma, de uma maneira que nunca imaginou. Essas pernas que não vai te de deixar na mão, em exceção quando furam os pneus.
Um dia você irá agradecer todas essas perguntas que surgem de repente na sua mente.  Outra coisa, deixe o tempo passar, esse sim. Um dia te dará todas as respostas das suas perguntas. Ah! O tempo, o melhor remédio. Ser normal é ser você, do melhor jeito possível.

               


Super Beijo!!!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Um delírio!

Sabe que ser cadeirante tem lá suas desvantagens , mais como todo mundo também tem suas vantagens digam se de passagem... Vocês sabem que não sou dessas pessoas de arrastar correntes por minha condição física... Claro como todo o ser humano, tenho meus anseios, medos, desejos e alegrias...Mais ser cadeirante me proporcionou uma vida mais leve e livre, sem carregar nas costas o peso das minhas pernas, minhas muletas foram deixadas para trás, mais as rodas tomaram o lugar delas... Claro que depois de algumas tempestades e de pensar muito e muito eis que surgem alguns fragmentos de uma lesada, as pernas não funcionam muito bem mais a cabeça ainda está em perfeita forma, pensando mil coisas... Perfeito ninguém é!!! Estamos nesse mundo que se transforma em verdadeiro caos! Então depois de uma noite sem dormir e várias mensagens no celular que eu mesmo digitei... (Louca)
Esse texto surge de uma noite de insônia onde o vento batia na janela vazia, as pernas parada em uma cama, estagnada sem tristeza ou rancor, só ali paradas como se em nenhum momento elas tivessem um dia algum movimento escondido entre os nervos, ossos e músculos... Elas estavam inertes como alguém que para por algum segundo e fica num estado de graça... Eu ainda sinto com toda a minha força, elas um dia correram, andaram, subiram escadas e como um momento de graça sua força foi deixada pra trás como o tempo que passa no relógio velho, antigo de algum lugar de alguma cidade que não coloquei meus pés... As calçadas estão cada vez mais altas e agora eu só posso andar com as rodas, minhas rodas não alcançam à altura que se põem na cidade... Sou alguém com uma ruptura, sem imaginação, a imagem congelou e estou ali sentada naquela cadeira, não sinto calor ou frio, na verdade não sinto nada.. Meu corpo é como uma estátua de pedra. Eis que a vida surge, e as cores vem aparecendo devagar entre os verdes das plantas, o cinza do asfalto, do concreto, a cadeira já torna vermelha cor de sangue, a mesma cor que corre nas minhas veias... Sou eu de novo, simples de alma limpa!!! Renasci entre essa cor cinza!!! Refiz-me outra vez!
Sou eu e mais ninguém, simplesmente eu...

Beijos no core!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Namore uma garota que lê!!!

Hoje eu vou fugir um pouco do tema do blog... Navegando pela internet eu encontrei um texto muito bonito e resolvi postar aqui, como também maneira de enriquecer mais o blog, porque com certeza vale à pena essa leitura... Como uma boa pisciana, sonhadora eu sorri por dentro quando li esse texto, pois é um pouco assim que me sinto... E na vida cada livro que  nós lemos, fica um sentimento, uma palavra, um gosto, um cheiro, um acontecimento, ler é como encontrar pessoas que não conhecemos, embracar em mundos que nunca imaginamos... Como as pessoas que passam em nossas vidas e deixam marcas, os livros também exerce o mesmo fascínio... Essas marcas caminham junto ao nosso lado pela vida toda e às vezes lembramos de uma frase, uma poesia que lemos há muito tempo. Sempre gostei de ler, e hoje em dia percebo que isso cresceu mais um pouco... Ler faz bem para alma, para o corpo e principalmente para o coração... Espero que vocês curtam essa leitura!!


Namore uma garota que gasta seu dinheiro em livros, em vez de roupas. Ela também tem problemas com o espaço do armário, mas é só porque tem livros demais. Namore uma garota que tem uma lista de livros que quer ler e que possui seu cartão de biblioteca desde os doze anos.
Encontre uma garota que lê. Você sabe que ela lê porque ela sempre vai ter um livro não lido na bolsa. Ela é aquela que olha amorosamente para as prateleiras da livraria, a única que surta (ainda que em silêncio) quando encontra o livro que quer. Você está vendo uma garota estranha cheirar as páginas de um livro antigo em um sebo? Essa é a leitora. Nunca resiste a cheirar as páginas, especialmente quando ficaram amarelas.
Ela é a garota que lê enquanto espera em um Café na rua. Se você espiar sua xícara, verá que a espuma do leite ainda flutua por sobre a bebida, porque ela está absorta. Perdida em um mundo criador pelo autor. Sente-se. Se quiser ela pode vê-lo de relance, porque a maior parte das garotas que leem não gostam de ser interrompidas. Pergunte se ela está gostando do livro.
Compre para ela outra xícara de café.
Diga o que realmente pensa sobre o Murakami. Descubra se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entenda que, se ela diz que compreendeu o Ulisses de James Joyce, é só para parecer inteligente. Pergunte se ela gosta ou gostaria de ser a Alice.
É fácil namorar uma garota que lê. Ofereça livros no aniversário dela, no Natal e em comemorações de namoro. Ofereça o dom das palavras na poesia, na música. Ofereça Neruda, Sexton Pound, cummings. Deixe que ela saiba que você entende que as palavras são amor. Entenda que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade mas, juro por Deus, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco como seu livro favorito. E se ela conseguir não será por sua causa.
É que ela tem que arriscar, de alguma forma.
Minta. Se ela compreender sintaxe, vai perceber a sua necessidade de mentir. Por trás das palavras existem outras coisas: motivação, valor, nuance, diálogo. E isto nunca será o fim do mundo.
Trate de desiludi-la. Porque uma garota que lê sabe que o fracasso leva sempre ao clímax. Essas garotas sabem que todas as coisas chegam ao fim. E que sempre se pode escrever uma continuação. E que você pode começar outra vez e de novo, e continuar a ser o herói. E que na vida é preciso haver um vilão ou dois.
Por que ter medo de tudo o que você não é? As garotas que leem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem. Exceto as da série Crepúsculo.
Se você encontrar uma garota que leia, é melhor mantê-la por perto. Quando encontrá-la acordada às duas da manhã, chorando e apertando um livro contra o peito, prepare uma xícara de chá e abrace-a. Você pode perdê-la por um par de horas, mas ela sempre vai voltar para você. E falará como se as personagens do livro fossem reais – até porque, durante algum tempo, são mesmo.
Você tem de se declarar a ela em um balão de ar quente. Ou durante um show de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Ou pelo Skype.
Você vai sorrir tanto que acabará por se perguntar por que é que o seu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Vocês escreverão a história das suas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos mais estranhos ainda. Ela vai apresentar os seus filhos ao Gato do Chapéu [Cat in the Hat] e a Aslam, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos de suas velhices, e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto você sacode a neve das botas.
Namore uma garota que lê porque você merece. Merece uma garota que pode te dar a vida mais colorida que você puder imaginar. Se você só puder oferecer-lhe monotonia, horas requentadas e propostas meia-boca, então estará melhor sozinho. Mas se quiser o mundo, e outros mundos além, namore uma garota que lê.
Ou, melhor ainda, namore uma garota que escreve.
Texto original: Date a girl who reads – Rosemary Urquico
Tradução e adaptação – Gabriela Ventura

Beijo!
Um ótimo fim de semana!!! ;)

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A vida sem estética...



Como vocês sabem eu moro em uma cidade pequena, com uma população mais ou menos de 40 mil habitantes, como qualquer cidade pequena, todo mundo conhece todo mundo... E eu não sei o que tem acontecendo com as mulheres dessa cidade, é gente colocando silicone, tirando culote daqui, um pneuzinho dali e afins... Então eu fico pensando, euzinha pobre mortal que nasceu com uma doença rara, uma má formação na coluna arteriovenosa progressiva, que só queria poder ter uma coluna reta e poder me equilibrar nas minhas duas pernas finas e tortas pelo avanço da doença, correr por aí, andar como qualquer ser "normal", claro que são vontades, e todo cadeirante ainda tem essa esperança lá no fundo do seu coração, mais claro não vivo a vida me baseando nessa esperança, eu vivo como uma cadeirante o dia-a-dia. Onde meu corpo já  não é o mesmo, onde o equilíbrio está cada dia mais difícil, saber que você está sempre precisando de algo novo, algo para se agarrar e acreditar... Claro que é bom está bonita, ter um corpo legal, se cuidar, ter higiênie, passar cremes, se cuidar mesmo! Mais será que isso tudo é necessário? Cirurgias para ter um corpo que você pode perder amanhã?  Eu fico pensando nos cadeirantes, nas pessoas que por um acaso da vida estão nesse mundo em uma forma um pouco diferente do "resto"... E ainda somos chamados de anormais, como se isso fosse uma doença contagiosa, não quero me fazer de "coitadinha", mais esse mundo às vezes é tão maluco, quer dizer o mundo não, as pessoas que fazem esse mundo como está... Estamos numa era onde as pessoas buscam perfeição em seus corpos, enquanto pessoas pobres, deficientes, negros não são visto "com bons olhos" nessa sociedade...  Que mundo é esse?
Como se uma cirurgia fizesse que essas pessoas fossem mais felizes, como se a vida fosse ser melhor depois da cirurgia, eu penso que as marcas que o ser humano leva pela vida inteira, cada marca no corpo ou na alma tem um significado e essas pessoas estão destruindo essa essência da vida, querendo ser seres imortais, quem sabe? (desculpa, quem não concordar com isso, mais eu tenho que colocar tudo que eu estou pensando pra fora...) Claro quando é uma cirurgia que é a favor da vida, aí sim, eu acho louvável! Como seria essa vida sem estética? Eu sinceramente não sei...

Eu ando de cadeira de rodas, eu tenho barriga, eu tenho marcas no meu corpo , já andei de muletas cor-de-rosa, me orgulho dos meus gostos um pouco duvidoso, adoro Renato Russo e já fui ao show dos Paralamas, eu acredito ainda no amor, eu sou meio brega e démodé... Será que ainda sou uma pessoa normal? Acho que sou consideravelmente subversiva, isso que faz a diferença de ser um ser único!!! 


Beijos no core!