sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Depois de você


Depois de você o riso ficou mais frouxo, mais fácil. A casa está mais movimentada com gostos, cheiros e barulhos, a desordem está em todos os cantos, uma desordem cômoda como dentro dos nossos corações. Depois de você a vida tem mais gosto que varia do doce ao cítrico e os gostos de todos os sabores para experimentar com você, com a nossa vida.

Depois de você eu não sou mais a mesma, mudei de planos, de sobrenome, de status, mas principalmente mudei por dentro, da minha bagunça interna que agora está leve como um barco em um mar calmo. Aprendi a ser eu mesma e não precisar de ninguém e ao mesmo tempo aprendo todo dia a ter você ao meu lado nos momentos mais precisos da minha vida.

Depois de você os domingos ficaram longos como aquela sombra bonita que se estende em torno do seu corpo enquanto você dirige em uma tarde ensolarada. Depois de você, a vida não é mais a mesma, está sempre em constante movimento. Você sempre me faz sorrir onde nossas covinhas de nossos sorrisos se encontram um dentro da outra e formam apenas um sorriso em que a felicidade toma conta do nosso ser. Depois de você o vazio não me pertence mais e o medo já não é um sentimento que me pertence.

Depois de você sempre há vinhos, massas, leituras e a música que não para de uma guitarra antiga que estava presa na parede da sua casa. Depois de você a vida é mais doce, mais aguçada, mais sólida tudo em torno de nós nos faz sentir de verdade de quem somos por dentro de todas as nossas loucuras internas, sonhos e decepções. Depois de você não é que há felicidade constante, no entanto aprendemos a suportar as diferenças e resolve-las sempre.


Depois de você aprendi de verdade o significado de parceiro, não só na vida como no amor. Eu sei que mais que as diferenças batam de frente, sabemos que a principal verdade da vida é que temos um ao outro e melhor afetividade que essa não existe. Depois de você somos dois em um, um e dois ao mesmo tempo, e não há melhor maneira de sermos um casal que essa. Depois de você eu sei que todo aquele meu discurso de desprendimento emocional era só porque estava esperando você chegar. 

Texto publicado originalmente no Jornal: A Novidade.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Ah, amor!


Nunca sentei de verdade para te escrever. Sabe, é difícil escrever sobre uma pessoa que amei tanto. Você pode até achar démodé, ou eu entrarei sem aviso na sua vida novamente. Eu sou cliché e minha alma se arrasta pelas ruas onde você passa. Minha alma segue o rastro do teu cheiro pela cidade invadida de amor, carinho e compreensão. Minha alma é vazia quando não ouço o tom da sua voz. 
Ela vive na penumbra da noite contando as estrelas que restam no céu.

A gente foi feliz, eu sei. Você foi e é ainda aquele onde eu decoro poemas e escrevo calada ao lado de uma xícara de café quente. Teu riso sempre foi fácil, e também me fazia feliz do jeito mais rebelde que a felicidade poderia ser. Nós vivemos flutuando em um mundo paralelo onde o que mais importava era o amor – o nosso.

Ficamos irreconhecíveis quando nossos olhos se olhavam com frisson. Ninguém sabia ou reconheceria a gente na rua em um dia qualquer. Você era eu, eu era você. Nossos rostos, nossas cores, cheiros, sabores se misturavam de uma tal maneira que nossas almas não seriam mais as mesmas.


Ah, amor! Você me despertenceu, sorriu e seus olhos se encheram de lágrimas. Só para te avisar que homem não chora. O tempo, não fez nenhuma diferença, anos se passaram e parece que foi ontem, onde sua mão se soltou da minha e foi voar pelas ruas sozinho. Ah, amor, eu te reconheceria de costas com a sua camiseta verde claro como o mar- dizem que o mar é azul. Para mim sempre será verde. A tua voz grossa, o sotaque de algum lugar distante ainda pertence as minhas memórias.

Ah, amor! Os dias de verões sempre foram os meus preferidos, e todos eles, todo dia em algum momento você chegou na minha vida de um jeito que nem eu soube o que fazer. O amor é grande, enorme e cabe aos montes em um coração tão pequeno. Foram precipitações, ficou inacabado, aberto. Ah, amor! Surge de novo das profundezas desse sentimento gigante. Não sei quem é você novamente, e todos os seus gostos. Deixa-me apresentar essa sou eu- uma quase escritora vestida com os mais sinceros sentimentos. Irreconhecível? Talvez!

Texto publicado originalmente no Jornal: A Novidade.