sábado, 26 de maio de 2012

50.000 acessos!


     Há mais de dois anos criei esse blog na tentativa de me redescobrir, acho que todo ser humano passa por uma fase de descoberta. Eu, muletante, com as minhas muletas cor de rosas que apoiaram as minhas pernas durante quase dez anos, agora passava por um momento de transição de muletante para cadeirante. Foi e sempre será um momento marcante em minha vida. É difícil explicar a complicação, dúvidas, anseios, medos e dissabores que passaram pela minha mente. De repente o chão parece que está se movendo para um lugar que você nunca imaginou. Você se torna frágil e relevante, não sabe se fica com as muletas em pé sofrendo toda aquela dor ou senta de uma vez em um a cadeira de rodas.  Você não é capaz de forjar nada daquilo que pensou um dia. Uma decisão árdua, mas que depois você olha para trás e sente orgulho de tudo o que passou e a forma que você superou todos os seus medos e angústias, que um dia estava ao seu lado. Agora, já não é mais aquela menina com inseguranças e todas aquelas fantasias que nós mulheres temos a tendência de fantasiar. 
      Nunca  imaginei na possibilidade desse espaço tomar tamanha proporção. 50.000 acessos, puxa! Nunca imaginei mesmo. É muito gratificante saber que de alguma forma minhas palavras chegaram em algum lugar e tocaram alguém ou ajudaram em algum momento complicado de suas vidas. Tudo na vida tem um sentido, um destino! O blog foi um dos melhores presentes da minha vida!!!
       Uma das coisas que aprendi depois que sou cadeirante é que a vida nos ensina muito e cabe a nós escolhermos o melhor caminho, sem espinhos e arranhões. Posso dizer que eu cresci (não na altura, pois isso seria demais, rs), mas cresci como pessoa, evoluindo na vida tanto sentimental como qualquer outro campo.

      O blog nunca foi uma forma pretensiosa, só o fiz para escrever tudo que eu penso, mas vou lhe confessar uma coisa: Nunca fui boa com as palavras, porém quando releio o primeiro post até o último, percebo que há uma grande diferença entre essa transição. Percebo como cresci também com as palavras, isso me torna cada vez mais segura em escrever minhas experiências como uma cadeirante ou até relembrar momentos como muletante. Eu nunca pensei que um dia iria falar isso, entretanto sinto saudades do tempo que andava com as minhas muletas cor de rosa, claro que é só um momento nostálgico. Agora é focar na realidade de cadeirante.
      A vida é uma linha tênue, por isso aproveite cada momento que temos oportunidade para evoluir e crescer, cada momento é delicado, porém também pode ser transbordante, não desperdice nem um minuto se quer...
       Posso dizer que o blog deu-me alguns momentos de felicidade e também de sorte. Conheci muitas pessoas nesse espaço chamado blog esfera, pessoas que me ajudaram de alguma forma e também pessoas que eu ajudei. Essa troca de informações, dores, vidas, cadeiras, rodas entre tantas coisas fazem de nós pessoas em comum. Não só cadeirantes, mas também andantes, procurando nesse mundo algo para fazer sentido, mudar um pouco, tirar da rotina esse Brasil tão preconceituoso, não só com as pessoas que por alguma razão são deficientes. Há um preconceito absurdo com negros, velhos, magros, gordos. Você não pode ser diferente da moça que está na revista de moda, que já é taxada fora dos padrões de uma sociedade hipócrita. Mas com certeza passamos por cima desses conceitos que não fazem parte das nossas vidas, futilidades alarmantes de pessoas que verdadeiramente não vivenciam e nem procuram saber como é a vida em cima de uma cadeira. Com certeza não é nada diferente da sua vida, pessoas comuns que estão lutando dia a dia como qualquer outra, atrás de uma vida mais digna. Apenas isso!
        Eu li em algum livro, que dizia mais ou menos assim: “Talvez todos devemos parar de tentar retribuir às pessoas deste mundo que apoiam nossas vidas. No final das contas, seja mais sábio se render à milagrosa abrangência da generosidade humana e simplesmente dizer muito obrigada para sempre e com sinceridade, enquanto tivermos voz.”

Eu repito MUITO OBRIGADA! 


Beijos enormes!

terça-feira, 15 de maio de 2012

Dirigindo

     Uma das coisas mais legais que  aprendi depois que me tornei uma cadeirante foi dirigir. Bom, isso parece estranho, mas só aprendi a dirigir depois que perdi os movimentos nas pernas.  Mas nunca é tarde quando realmente se quer alguma coisa, quando se sonha e claro realiza-se o sonho.
     Como aqui tudo tem uma tendência própria à dificuldade, imagina o abismo que me meti sendo cadeirante e agora motorista. Não posso dizer que eu tive facilidade em aprender dirigir.  Imagina você sentar pela primeira vez diante do volante e ver aquele monte de acessórios que vai ter que aprender a lidar, freio, acelerador, seta, guiar o volante e tudo com apenas duas mãos.  Como qualquer pessoa nesse planeta tenho as minhas dificuldades, e claro que fácil não é.
     Todo cadeirante quando vem ao mundo já traz agregado o espírito de luta e coragem, pois ser cadeirante não é uma tarefa fácil para qualquer pessoa, os obstáculos vão aparecer em sua frente todo dia, qualquer hora, temos que ter a coragem de ultrapassá-los dia a dia. Com a coragem que eu não sei de onde tirei e o treinamento cheguei lá.  Com responsabilidade e respeito ao trânsito hoje sou uma motorista.
         Depois de quase seis meses de burocracia (Receita Federal, Receita Estadual e Concessionária) meu carro finalmente chegou. 
        Agora esse tal de preconceito é um dos dissabores que a vida nos dá, mas temos que aprender a dar a volta por cima. Como a palavra mesmo diz é um pré-Conceito do que você não conhece. E também tudo que é fora do comum desperta nas pessoas uma curiosidade, e claro que comigo não seria diferente. As perguntas surgiram de muitas formas e maneiras, mas penso que é um jeito de conhecer quem está sentado (a) na cadeira de rodas. E assim mudar a opinião. Como dizem por aí: É conversando que a gente se entende.
        Como você vai dirigir? Você consegue? Foram as perguntas mais frequentes que eu escutei na minha vida durante as minhas aulas de volante. As perspectivas das pessoas são um caso à parte. O importante é ser o que você é, e ser uma motorista é muito bom. É uma sensação indescritível, poder pegar seu carro e sair por ai, te dá uma sensação de liberdade que a cadeira e as muletas não me deram em nenhum momento da minha vida.  Agora só falta aprender a montar e desmontar a cadeira, outra coisa que tenho que criar coragem! E com o tempo vou dirigindo cada vez melhor. 
    Para vocês entenderem como funciona um carro adaptado para cadeirantes, vou postar algumas fotos aqui.
     O acelerador e freio é essa peça que fica ao lado esquerdo do volante. Puxando para cima o carro acelera, empurrando para baixo o carro freia. Depois de algum tempo dirigindo você nem percebe mais os movimentos, pois tudo se torna automático. hehe


Acelerador e freio.
Câmbio Automático













Espero que gostem e incentivo a todos deficientes e também não deficientes a terem esse gosto de liberdade e aprenderem a dirigir. Sei que no começo pode parecer impossível e até mesmo encontrarmos dificuldades. Mas nada nesse mundo é impossível até alguém tentar e claro, conseguir.

Beijos muletantes!


sexta-feira, 4 de maio de 2012

Ajustes!

Os puxadores na cadeira.
Depois de dois anos com a minha hiper, super, mega cadeira vermelha com suas asas esvoaçantes, pena que as asas não criaram vida e começaram a voar.  Como qualquer cadeira para ter uma vida útil é preciso passar por ajustes frequentemente.
Bom, como aqui na minha cidade não existe uma especializada da  Ortobrás , qualquer pessoa que entenda um pouco de mecânica e esteja interessado em peças de cadeira de rodas está valendo. (risos)

Então o meu mecânico preferido deu uma geral na minha cadeira.
Baixou a traseira da cadeira, assim deixando  mais propícia para treinar as minhas aulas de empinamento  da mesma, e também a probabilidade de cair aumentou consideravelmente. (risos)
*Colocou os puxadores já que a minha cadeira  estava sem os mesmos (teimosia da lesada)
*Colocou dois parafusos naquele ferro que passa por baixo do pedal, uma ideia muito boa para os fabricantes de cadeira de rodas adotarem.
*Lembram do parafuso que sempre espanava, também ajustou e ficou uma maravilha.
Os parafusos no pedal.
        Ajustes simples que fez a diferença em uma cadeira de rodas, assim deixando com mais qualidade para as minhas rodadas por ai.
Ah! Cuidado para vocês não se engasgarem com a poeira no pedal da cadeira. (risos)
Depois desses ajustes minha cadeira ficou mais leve, os arranhões infelizmente não pude fazer nada.  Mesmo assim foi muito proveitoso os ajustes, cada vez que ajusto a cadeira é uma nova fase de readaptação, até eu me acostumar, demora um pouco.

"Cadeira arranhada é sinal que você está em plena atividade e não se esconde dentro de casa, cadeira arranhada é cadeira com vida."

Beijos enormes!