quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Ser especial?

Desde que me entendo por gente sempre ouvi esta palavra:  especial.  Não entendia muito bem o significado que tal palavra possuía. Depois de algum tempo fui percebendo que a mesma palavra vinha aderente a tudo que se relacionava a pessoas com alguma deficiência, seja ela auditiva, física.  Com o passar do tempo tirei as minhas próprias conclusões diante dessa expressão  que sempre teima me empurrar.

 O que é ser especial pra você? Você pode ser especial por suas aptidões e competências no trabalho.  Pode ser especial pela sua personalidade ou então por ter uma risada diferenciada.  Pode ser especial por ter bom gosto ao se vestir, pode ser especial por suas fotografias serem geniais. Pode ser especial por seus textos terem algo a mais. Pode ser especial por uma infinidade de coisas. Só não admito por uma situação, no meu caso, a cadeira de rodas venha acompanhada  por palavras como: especial; doente; incapaz . Essas expressões são sedimentadas no cotidiano de pessoas deficientes.

Algumas pessoas gostam de chamar atenção. Elas pensam que são bem mais importantes que as outras - mais valiosas. É verdade que todo mundo possui seu valor como individuo.  Onde está nossa especialidade então? Eu, você e todo o mundo queremos ser notados, diferenciados sim, no entanto não por alguma deficiência. Não quero ser parabenizada por desmontar uma cadeira de rodas sozinha, nem por atravessar uma avenida movimentada. Quero me sentir um pouco normal mesmo tocando minhas rodas. Quero ser especial por algo que eu faço de verdade, seja no trabalho – ou na vida pessoal. Sejamos coerentes, adaptar-se é preciso em um mundo cada vez mais louco e inacessível.

Ser especial é a capacidade que temos de sermos pessoas únicas, que pensamos de maneira diferente do nosso vizinho. De conhecermos pessoas que influenciam o nosso modo de agir e reagir diante das adversidades da vida. Ser especial é conquistar outra pessoa mesmo possuindo vários defeitos e ela nos amar da mesma maneira. Ser especial é ter a capacidade de ser frágil e forte ao mesmo tempo. Ser especial é poder perdoar o outro. Ser especial é admirar outra pessoa por sua postura diante da vida.


Cada pessoa é especial por possuir sua própria visão para todas as coisas que existem ao seu redor. Especial é ser singular diante da multidão que caminha no giro do mundo. 


Texto publicado originalmente no jornal: A Novidade

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Como eu era antes de você


Bom, para começo de conversa semana passada terminei alguns livros que queria ler: Crônicas para variar, quero melhorar meu modo de escrever. Então estava atrás de um romance, queria algo novo, não romances água com açúcar. Então procurei e procurei pela internet, estava com a intensão de experimentar alguma autora nova, que não conhecia. Gosto de me arriscar em leituras diferentes. Encontrei um livro da Jojo Moyes, cujo titulo é: "Como era antes de você. Li a critica e também a sinopse, gosto de saber um pouco sobre a história do livro que irei ler, fico mais familiarizada com os personagens e assim percebo que a leitura flui um pouco melhor.







Sinopse:
Aos 26 anos, Louisa Clark não tem muitas ambições. Ela mora com os pais, a irmã mãe solteira, o sobrinho pequeno e um avô que precisa de cuidados constantes desde que sofreu um derrame. Trabalha como garçonete num café, um emprego que não paga muito, mas ajuda nas despesas, e namora Patrick, um triatleta que não parece interessado nela. Não que ela se importe.Quando o café fecha as portas, Lou é obrigada a procurar outro emprego. Sem muitas qualificações, consegue trabalho como cuidadora de um tetraplégico. Will Traynor, de 35 anos, é inteligente, rico e mal-humorado. Preso a uma cadeira de rodas depois de um acidente de moto, o antes ativo e esportivo Will desconta toda a sua amargura em quem estiver por perto. Tudo parece pequeno e sem graça para ele, que sabe exatamente como dar um fim a esse sentimento. O que Will não sabe é que Lou está prestes a trazer cor a sua vida. E nenhum dos dois desconfia de que irá mudar para sempre a história um do outro.

Não se engane pelo título do livro e a capa "fofa', é um livro intenso, uma história de renúncia, morte, companheirismo, doação e principalmente acima de tudo:  novas oportunidades, esperança e  amor.
É o primeiro livro da Jojo que leio e me arrependo de não ter a conhecido antes, se todos outros livros forem tão bem narrados quanto esse, já virei fã. Vou dar um tempo, ler outras coisas,  quem sabe mais tarde voltar a seus títulos. Não estou preparada para chorar novamente. (risos) Li o livro em apenas três dias, teve uma noite que fiquei até 2:00 horas da manhã lendo-o. Realmente me apaixonei pelo livro. Ela soube com maestria prender a atenção do leitor, abriu um leque de possibilidades, de elementos e sentimentos dentro de mim. O livro me destruiu e  me construiu novamente. Ela pisoteou em cima de mim, me jogou no chão - mas também deixou coisas boas. 

Wil me tocou profundamente de um jeito estranhamente exacerbado, que nenhum personagem de nenhum outro livro me tocou.  Wil me fez frágil, insegura e ao mesmo tempo me fez forte e segura. Me fez repensar na vida e em tudo que eu acredito.    Foi como se uma explosão de algo desconhecido estivesse a ponto de estourar e meu coração não aguentaria. E não aguentou. Lágrimas surgiram em meu rosto, ele realmente me deixou com o coração na mão. E sabe quando o livro é realmente bom, e você se imagina na história ou quando parece que você conhece aquele personagem de anos. Abracei-o e agradeci. Me fez querer mais. Não vou mudar por um livro, não é isso. No entanto, me fez ver coisas que talvez estivessem escondidas dentro de mim que nem eu mesma soubesse que existia. 



A leitura é de fácil compreensão, pois teve alguns livros que não me motivaram a terminar. O título realmente é merecedor, pois Louise realmente não é a mesma daquela do começo do livro - no final você percebe quanto Will transforma sua vida para melhor, e quanto o amor dos dois é merecedor um do outro. Em junho estará nos cinemas a versão do livro em filme, estou louca para assistir e até imaginando algumas cenas.


"Ser atirada para dentro de uma vida totalmente diferente — ou, pelo menos, jogada com tanta força na vida de outra pessoa a ponto de parecer bater com a cara na janela dela — obriga a repensar sua ideia a respeito de quem você é. Ou sobre como os outros o veem."






“É isso. Você está marcada no meu coração, Clark.
Desde o dia em que chegou, com suas roupas ridículas,
suas piadas ruins e sua total incapacidade de disfarçar o que sente."


Ps: É somente a minha visão diante do livro. 




quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Ser solidão



Nós vivemos rodeados de pessoas, seja no trabalho, no círculo de amigos, na faculdade, amigos de infância e por fim na nossa família. Somos um emaranhado de pessoas, com ideias, gostos, culturas diferentes, mas com algo em comum. Todo mundo alguma vez na vida já se sentiu só. E não estou escrevendo sobre a solidão dos pares; amores românticos e afins. Estou me  direcionando por outro tipo de solidão: a solidão de estar apenas com você.  Atire a primeira pedra quem nunca na vida se sentiu só, mesmo rodeado de gente, pensamento distante por não querer estar ali, naquele lugar e instante. Pessoas amigas, namorados que não nos identificamos mais.

Solidão mesmo que ociosa e latente nos faz ver o mundo com outros olhos. É sempre bom parar e pensar no regimento do mundo, de todas as coisas que nos rodeiam. Observe minuciosamente cada detalhe, a funcionalidade do todo. Quase sempre é muito proveitoso.  Estar só não é só poesia, ela nos arremessa para o outro lado do muro, e você terá que conseguir cair sentada sem nenhum arranhão.

Solidão pode ser romantismo puro, no entanto não é comovente.  Solidão não é ser, é estar por um tempo determinado – minutos- milésimo de segundos e acabou. Estar só nos faz crescer, compreender e amadurecer. Não é sempre que estamos no controle de tudo, o tempo todo. Solidão não significa tristeza, significa desfrutar desse momento; do hoje; do agora. Relaxe, sinta-se  leve e viva o que há para se viver. 

Olhe pelo lado positivo. A solidão quase sempre pode ser uma boa companheira, que não pode ser ignorada nos dias longos.  Você pode mergulhar nos mais diversos assuntos em formas de livros. Ir ao cinema sozinha também tem seu lado positivo:  a pipoca é toda sua.  Caminhe na beira-mar, faça um pouco de exercício- seus joelhos agradecem. Tomar um café e observar as pessoas que nos rodeiam.

 Em outro momento, seus dias se enchem com mais fervor como ocorre os adolescentes. Risadas por todos os lados, a casa cheia, com cheiro da comida que vem da cozinha.  Na sala mais e mais gargalhadas escancaradas, não tem mais lugar para nada. Derramaram vinho no seu lençol novo. De repente tudo se esvazia novamente. Você se senta com uma taça da vinho na mão, cruza as pernas e um sorriso nos lábios surge: Está feliz por estar ali.

 Texto Impresso Originalmente no Jornal: A Novidade

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Aos Distraídos


Sabe aquela expressão que todo mundo conhece: “O amor se atraí pelos distraídos.” Então, esse é do tipo de amor que a gente não procura - ele nos encontra - reencontra e nos desmonta de várias e inimagináveis maneiras. Estamos sempre tão exaustos de amores cansados, sofridos e ás vezes até doentios. Não percebemos os que nos rodeiam. Aqueles que chegam de mansinho, sem fazer barulho, aqueles que se instalam no nosso lado e não pedem nada em troca, ficam no mesmo lugar em um silêncio danado. Ele, o amor pode aparecer onde menos esperamos. Temos que estar atentos, captar as mensagens que o mundo nos oferece. Destino – sorte talvez, uma pitada de embriaguez, quem sabe.

Acabou de mudar para uma casa nova, conseguiu lavar o carro e respira fundo: tudo em ordem. Então pensa em  brigadeiro de panela para comer todinho na frente da TV? Você olha na dispensa e pensa: cadê o chocolate em pó?  Você sai rapidinho para ir ao mercado, aquele dia que sai pelo elevador com aquele jeans rasgado, camiseta branca de uma banda de rock preferida, tênis e rabo de cavalo, nem batom você passou, de cara limpa, lavada. Quando o elevador abre, a respiração fica mais pesada. O perfume invade o elevador de maneira suave. Um oi tímido e uma conversinha básica sobre o tempo. Quando você se despede, ele te acompanha ao mercado e na volta pede seu número. Quando chega a casa, esquece-se do brigadeiro e nem chocolate em pó você comprou. Onde anda com essa cabeça, menina?

Divorciada há dois anos, preocupada com a casa, trabalho, filhos e os netos que já estão crescendo. De repende surge uma oportunidade de uma viagem. Conhecer o Rio de Janeiro   foi o que sempre quis. Primeira vez na vida decide viajar sozinha, conhecer o Corcovado, a praia de Ipanema, o Cristo Redentor. E lá no Hotel, na beira da piscina, com seu maiô floral, lendo Graciliano Ramos, uma sombra invade seu corpo e a voz vai logo dizendo. Conheço você  de algum lugar. Conversa vai, conversa vem, descobre-se que estudaram o ginásio inteiro junto. Nem preciso escrever mais nada.

O amor se faz de momentos, sem data marcada, sem preparação. Medo; angustia; sofrimento. Quando o amor é saudável, nenhum desses sentimentos faz parte. Amor vem pra somar, dividir, alegrar e repartir. Amor se faz, se reconhece nos ínfimos momentos distantes que nós, onde nunca nos imaginamos. O amor se encontra onde menos se espera. O amor se atraí pelos distraídos.

Texto impresso originalmente  no Jornal: A Novidade em 05/02/2016