Ela estava sentada no bar com sua vodka forte em um copo, cigarro nos dedos e a fumaça enchendo o ambiente que estava meia luz. Várias mesas
cheias de casais, amigos que riam, bebiam, contavam histórias e ela ali sentada, sentindo-se um pouco sozinha.
Vestia uma calça jeans rasgada, tênis preto, camiseta preta e uma jaqueta fina,
já que o ar da noite estava suportável. Batom vermelho, o rímel passado
exageradamente e a maquiagem que marcava os olhos grandes de olhar penetrante.
Ele também sozinho na outra ponta do bar, olha o celular,
checando algum e-mail que chegará. Todo certinho, bebia sua cerveja sem álcool,
estava ali de passagem. O dia estressante no trabalho precisava de um lugar
para relaxar, tomar algo gelado, ver gente. De repente seus olhares cruzam por
relances, ele a olha de cima a baixo. Confere o celular novamente para disfarçar e imagina o
que aquela moça estará pensando. Será que seu trabalho também fora estressante,
talvez também se sentisse sozinha como ele. Pensou em que nome ela teria:
talvez- Natasha, Verônica. O que absorvia da vida, o que ela esperava das
coisas mais simples. Será que ela sempre se vestiu assim?
Ele toma coragem, coloca o celular no bolso, pega o casaco e
a cerveja e vai em direção à mesa dela.
Vi que você está sozinha, posso me sentar na sua mesa?
Ela olha para os olhos cinzentos e observa o quão seus
olhos parecem um lago de águas mornas e escuras e um pouco atordoada responde que sim.
Os dois naquele bar, a música ao fundo, o jazz que tocava
suavemente enquanto os dois trocavam gostos peculiares, trabalhos e sonhos. A
cerveja, a vodka e o cheiro de cigarro estavam impregnando seu ser, no entanto
ele estava gostando de toda aquela confusão de cheiros e gostos. Ela se sentiu
confortável perto dele, gostou de como o som da sua voz se entonava dependendo
do que ele falava. Ele viu que
debaixo daquela maquiagem pesada existia alguém que um dia fora diferente. Atrás
de toda aquela rebeldia existira uma garota romântica, talvez maltratada pelos
relacionamentos sem sucesso. Cada palavra que ela falava e cada pensamento bobo
eram como músicas em seus ouvidos. De repente suas mãos se tocam num relance e
seus olhares se cruzam no mesmo segundo, uma energia boa percorre a alma dos
dois. Retribuem com um sorriso sem graça.
Com o passar das horas já se tornaram amigos de infância ou
(até mais). Trocam números de telefones, ela se despede dele. Quando se levanta da cadeira e se acomoda nas muletas
que estavam encostadas na outra mesa, ele leva um sobressalto. Talvez, agora entendesse
um pouco da garota que com o nome de Natasha. Sem graça oferece ajuda, ela responde que se
vira bem. Os olhos dos dois se encontram novamente intensos, como o calor do
café em um dia ameno. O cheiro ainda é inebriante: do bar, do álcool misturado
com o calor humano, o perfume dos dois- agora mais perto. Natasha percebe que
suas mãos ficaram escorregadias ao toque do plástico das muletas. Nunca antes se sentiu assim. O homem dos olhos
cinzentos encosta a mão em seu braço e lhe diz: Quero te encontrar novamente.
Natasha percebe que já é amor.
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