terça-feira, 15 de maio de 2012

Dirigindo

     Uma das coisas mais legais que  aprendi depois que me tornei uma cadeirante foi dirigir. Bom, isso parece estranho, mas só aprendi a dirigir depois que perdi os movimentos nas pernas.  Mas nunca é tarde quando realmente se quer alguma coisa, quando se sonha e claro realiza-se o sonho.
     Como aqui tudo tem uma tendência própria à dificuldade, imagina o abismo que me meti sendo cadeirante e agora motorista. Não posso dizer que eu tive facilidade em aprender dirigir.  Imagina você sentar pela primeira vez diante do volante e ver aquele monte de acessórios que vai ter que aprender a lidar, freio, acelerador, seta, guiar o volante e tudo com apenas duas mãos.  Como qualquer pessoa nesse planeta tenho as minhas dificuldades, e claro que fácil não é.
     Todo cadeirante quando vem ao mundo já traz agregado o espírito de luta e coragem, pois ser cadeirante não é uma tarefa fácil para qualquer pessoa, os obstáculos vão aparecer em sua frente todo dia, qualquer hora, temos que ter a coragem de ultrapassá-los dia a dia. Com a coragem que eu não sei de onde tirei e o treinamento cheguei lá.  Com responsabilidade e respeito ao trânsito hoje sou uma motorista.
         Depois de quase seis meses de burocracia (Receita Federal, Receita Estadual e Concessionária) meu carro finalmente chegou. 
        Agora esse tal de preconceito é um dos dissabores que a vida nos dá, mas temos que aprender a dar a volta por cima. Como a palavra mesmo diz é um pré-Conceito do que você não conhece. E também tudo que é fora do comum desperta nas pessoas uma curiosidade, e claro que comigo não seria diferente. As perguntas surgiram de muitas formas e maneiras, mas penso que é um jeito de conhecer quem está sentado (a) na cadeira de rodas. E assim mudar a opinião. Como dizem por aí: É conversando que a gente se entende.
        Como você vai dirigir? Você consegue? Foram as perguntas mais frequentes que eu escutei na minha vida durante as minhas aulas de volante. As perspectivas das pessoas são um caso à parte. O importante é ser o que você é, e ser uma motorista é muito bom. É uma sensação indescritível, poder pegar seu carro e sair por ai, te dá uma sensação de liberdade que a cadeira e as muletas não me deram em nenhum momento da minha vida.  Agora só falta aprender a montar e desmontar a cadeira, outra coisa que tenho que criar coragem! E com o tempo vou dirigindo cada vez melhor. 
    Para vocês entenderem como funciona um carro adaptado para cadeirantes, vou postar algumas fotos aqui.
     O acelerador e freio é essa peça que fica ao lado esquerdo do volante. Puxando para cima o carro acelera, empurrando para baixo o carro freia. Depois de algum tempo dirigindo você nem percebe mais os movimentos, pois tudo se torna automático. hehe


Acelerador e freio.
Câmbio Automático













Espero que gostem e incentivo a todos deficientes e também não deficientes a terem esse gosto de liberdade e aprenderem a dirigir. Sei que no começo pode parecer impossível e até mesmo encontrarmos dificuldades. Mas nada nesse mundo é impossível até alguém tentar e claro, conseguir.

Beijos muletantes!


7 comentários:

  1. Ai, Tuiguita, tu nem imaginas o incentivo que acabaste de me dar... Um dos meus planos para 2012 é aprender a dirigir... mas tenho tanto medo... venho empurrando com a barriga desde o início do ano. Fico adiando, adiando... por pudo medo de não conseguir.
    Sem dúvida, a tua experiência vai me servir de exemplo. Acho que ando muito acomodada, cheia de medos... preciso, urgentemente, me desfazer disso para poder ser LIVRE!
    Valeu, linda!

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    1. Oi Deidy! Claro que você consegue, como todo mundo temos dificuldades e o medo é um desses agravantes.
      Fico feliz de ser sua incentivadora a aprenderes a dirigir. Com fé e a coragem que eu sei que você tem, tenho certeza que você consegue. Beijos! :)

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  2. Olá Tuigue tudo bem? Teu blog é lindo, você é linda e quero te parabenizar pelo teu exemplo de coragem e superação. Meu filho tbm é cadeirante, mas ainda não consegue ser mais independente no dia a dia. Espero que ele consiga tbm... Tu e os outros colegas de blog tem sido uma lição de vida para todos nós. Que Deus te abençõe sempre! Bjks
    Preta Simone

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    1. Oi Simone! Tenho certeza que com o tempo ele conseguirá ser mais independente... Essa transição não acontece de uma hora para outra, é uma fase lenta, mais aos poucos a confiança de sermos independentes nos conquista! Obrigada pelo carinho! Beijos! :)

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  3. Oi Tuigue, parabéns pela conquista, sempre digo que uma das atividades mais inclusivas é a direção, pois no trânsito estamos nas mesmas condições das outras pessoas, e passamos por cima dos obstáculos com muito mais facilidade! Eu fiz um vídeo mostrando como desmontar a cadeira e colocar no carro, com um pouco de treino você fica fera! Tá no meu canal do Youtube, tem link no meu blog. Beijos

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  4. Obrigada Sam!!! Eu já vi esse vídeo e achei bem interessante!!! Vou ter que treinar mesmo, é a única maneira de conseguir! rs

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  5. Uma coisa que me intriga com relação às adaptações é o predomínio desse sistema com uma alavanca única para acelerador e freio, me parece mais seguro quando acelerador e freio tem comandos segregados como já é mais comum na Europa. Bons exemplos são aquele sistema da Guidosimplex com acelerador a aro montado no volante, ou para quem prefira mais discrição há aquele sistema francês que usa uma alavanca ambidestra montada atrás do volante para acionar o acelerador. Para quem usa câmbio manual e embreagem adaptada, a alavanca única para acelerador e freio pode ter o inconveniente de fazer o carro "descer" ao iniciar a movimentação em aclive e aumentar o desgaste do disco de embreagem.

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