Luiza sempre foi muito solitária, gostava dos dias frios, dos livros, romances, qualquer um que estivesse ao seu alcance. Ficava horas e horas jogada no chão lendo, ela sempre foi do tipo de garota que entrava literalmente dentro do livro, se via em vários romances que lia e se apaixonava. Luiza, criara até algumas listas dos livros e personagens que ela admirara durante a sua vida de leitora.
Luiza não se importava com a vida aqui fora, tinha um
emprego razoável em um banco. Gostava de ir ao cinema sozinha quando algum
livro era adaptado para a telona. Gostava de ficar na última fileira do cinema,
onde ninguém a encontrava ou incomodava. Ela vivia em um mundo apenas dela.
Só que Luiza não esperava que seu castelo de cartas montadas
poderia cair em algum momento. Em uma quarta-feira cinzenta com chuva caindo
naquela cidade grande, onde as pessoas corriam e os guardas chuvas faziam a
cidade multicolorida. Ela estava ali sentada no caixa fazendo seu trabalho
mecanicamente como todos os dias. Contas, boletos, depósitos tudo ao seu redor
até que um bom dia de uma voz doce lhe chamou atenção.
Ela arregalou bem seus olhos verdes, e a encarou, a moça do
outro lado do balcão pediu para que ela fizesse a transferência de uma quantia
em dinheiro. Ela demorou a entender e a cair em si. A beleza de Ana Flor tomou
conta da cabeça de Luiza, a mesma se sentiu incomodada com toda situação.
Depois da troca de alguns olhares: Maria Flor lhe pediu seu número e disse que
se desse algum problema com a transferência poderia lhe procurar. Ela não
conseguiu nem pensar, quando percebeu já estava entregando o papel com o número
do seu telefone para a moça.
Quando chegou em casa Luiza estava atordoada com tudo que
acontecera naquela manhã. Ela nunca fora tão imprevisível assim, sempre pensara
tanto nas suas ações, como poderia ter feito aquilo. Entregar seu número de
telefone para uma estranha que nunca viu na vida. Ela sabia que alguma coisa
muito forte estava por vir, estava com medo do que sentiu ao ver Ana naquela
manhã. Sempre sonhou em encontrar um dos personagens de seus livros e agora a
vida dera um susto nela. Luiza estava com muito medo, no entanto ela sentia uma
emoção forte só de imaginar Ana.
Pegou uma taça, encheu com vinho tinto suave, sentou-se no
chão e começou a folhear: O invisível de David
Levithan e Andrea Cremer, quando
chegou na página do primeiro capítulo o telefone toca e seu coração dispara.
Texto publicado originalmente no Jornal: A Novidade
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