terça-feira, 9 de novembro de 2010

Devaneios... Parte 2



Não sei que acaso da vida leva uma pessoa ter a bondade de nascer com algo tão rigoroso... Eu gosto da minha vida como ela é, não sei se estou sendo egoísta demais, não sei se esperei algo que nunca soube ou quisesse alcançar...  Não sei se meu jeito surpreende, se as pessoas aceitam... Só sei que sou do jeito que sou, o mais maluco que encontrei para enfrentar essa vida de “cadeirante”... Sei que às vezes as pessoas esperam tanto de nós, que não podemos dar o quanto elas esperam... Meus movimentos se perderam no ar como se fossem pássaros encontrando a liberdade.... Eu não sei se sinto saudades, sabe de uma coisa... Eu fui feliz na hora certa em que eles me pertenceram.. Mais uma coisa, nunca perca a doçura que o ser humano possui... Pode ser que eles escaparam das minhas mãos sem eu perceber... Mais uma coisa tenho certeza, sentir saudades faz parte da vida... E vou senti saudades sim, mais foram momentos felizes... E agora, hoje estou vivendo outra parte da minha vida, como uma cadeirante e um dia eu vou também sentir saudades... Acho que desse estágio não passo mais... rsrsr

Só sei que ser blogueira está sendo uma experiência fantástica, nunca na minha vida me imaginei escrevendo, por não escrever tão bem, e sei que meus leitores merecem algo descente que tenha algum significado para poder assim se deliciar com as loucuras de uma cadeirante...
Não sei que cargas d'agua estou escrevendo hoje, que me deu uma vontade absurda de falar nada com nada...  Só sei que essa vida louca, estranha me consome cada dia... Estou vivendo transformações nunca testadas antes, parece até o filme “Avatar”, só que de uma forma contrária.. Ser um ser em pé é uma coisa simplesmente normal, mesmo com as muletas me arrastando entre as calçadas e pedras que tive que tirar do caminho... Agora ser cadeirante é algo tão inusitado e fora do comum, pelo menos aqui... Às vezes penso nos movimentos perdidos, não sei onde eles se foram... Será que os perdi mesmo? Será que andei de bicicleta mesmo? Às vezes parece ser sonho, quero acordar desse sonho, e ter a minha vida normalzinha de volta, mas pensando bem nunca fui totalmente “Normal”... Todos dizem que eu tenho sensibilidade, será que sensibilidade é essa!

Às vezes quero correr e não posso, ou será que posso...
Essa blogueira que vos fala e seus devaneios diários, ser “progressente” é algo tedioso... Nunca se sabe qual vai ser o seu destino, amanhã será que ainda terei tudo que tenho hoje... Sei que sempre fui feliz, e ainda sou não estou reclamando da minha vida, nada disso... Mas, de repente você sente um tédio, só pensar em sair e encontrar todas aquelas escadas, olhares preconceituosos... Mais claro que sou doida mesmo por natureza, não quero ser normal, quero por algum motivo que nem sei o qual, um dia quem sabe seja lembrada pelo menos por uma meia dúzia de leitores dessa loucura que me propus, mostrar a minha vida e falar dela... Não sei se estou sendo maluca, só quero que lágrimas sejam cessadas, quero o direito de ir vir, que a minha cadeira não seja motivo de preconceito, quero ser vista como uma pessoa comum, e quem sabe um dia, todo esse mundo cheio de maldade e preconceito possa ser visto como um mundo novo... 

Beijos muletantes =]

PS: Não pense que eu sou triste e revoltada, rs nada disso, vocês que me conhecem aqui do blog sabem que sou uma doida, maluca  e feliz... Só foi um momento.... rsrsrs 

6 comentários:

  1. Caramba,queria pensar como vc,ou até msm sentir...sem inveja,claro,mas é que me faria bem! Ja deve ter ouvido aquela frase:-" Nem sempre o sorriso que trago no rosto é a vida que eu levo".
    Sou cadê ha 7 longos anos,e isso me mata!! Claro que tenho dias ótimos,mas na maioria deles,a saudade e a imaginação predominam... Fico imaginando como seria voltar a andar,como eu era feliz,como isso,como aquilo... Vc ta de parabéns!!! E eu,vou aprendendo com mais um tempo... Bjokas cadeirantes... Jana.

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  2. Te admiro tanto Tuigue...

    Não por ser cadeirante, por levar tombos ou ser "diferente"...todos somos diferentes e caimos, não é mesmo?
    Te admiro pelo coração lindo que percebo a cada palavra que escreves e como elas chegam ao meu coração. Te leio não como uma cadeirante, te leio como uma sábia que entende a beleza da vida.

    Obrigada!

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  3. Tuigue...

    Sensibilidade pura, realmente, você escreve com o coração...
    Eu tenho o blog como uma válvula de escape, é onde falo minhas bobagens, e isso me faz muito bem, me tira um peso enorme e quando sei que as pessoas estão gostando das bobagens que escrevo, me deixa muito feliz...

    Continue sempre assim.

    Um grande abraço.

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  4. Oi Tuigue!
    Estou admirada com vc... vc é uma lição de vida!
    A mais ou menos um mês eu fui procurar uma cadeira de rodas p/ a minha avózinha q havia quebrado a perna... fiquei boba com as cadeiras que tem a disposição aqui em Brasília. São muito desconfortáveis, acentos bem duros e muito, muito pesadas p/ empurrar. Quando fui perguntar p/ a atendente se tinha outro modelo melhor ela me falou que se quisesse teria que levar aquela.
    Daí qu perguntei se ELA ficaria confortavel se tivesse que passar o dia enteiro naquela cadeira...
    Hoje estou vendo bem melhor as dificuldades que um cadeirante enfrenta, é estranho pois antes eu sabia que esses problemas existiam mas... eram bem distantes, sabe? Te admiro pelo seu modo de encarar a vida!
    E quero convidar vc para participar do sorteio que está tendo lá no Make-Up Brasília, vale a pena! MAC + BOURJOIS + CLINIQUE.
    Beijos!
    www.makeupbrasilia.blogspot.com

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  5. Simplesmente maravilhosa é o que você é garotinha linda..... estou aprendendo a gostar de você a cada dia que leio as suas postagens... Que a cada dia você viva assim com a segurança de um dia após outro tera sempre uma surpresa de "DEUS"... com alegrias que ele te presenteia por ser uma pessoa feliz.... Sou uma protética..rsrsrsr... (perdi um membro inferior em fev deste ano em um acidente) e também estou aprendendo a viver esta nova fase de minha vida.....bjim....

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  6. "Não sei se estou sendo maluca, só quero que lágrimas sejam cessadas, quero o direito de ir vir, que a minha cadeira não seja motivo de preconceito, quero ser vista como uma pessoa comum, e quem sabe um dia, todo esse mundo cheio de maldade e preconceito possa ser visto como um mundo novo..."
    Esse final é esperado por todas nós...Ser vista como pessoa.Ser vista como mulher...É tbm o meu maior desejo. Pouca coisa me abala nesse sentido.É assim que temos que ser...Fortes,mesmo que estejamos fracas no momento...Estar numa cadeira de rodas não muda nada nossa personalidade,nosso caráter,nossa condição de mulher...
    Beijos

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