Em um jornal da cidade na página de classificados com modestas letras grifadas em negrito ele está lá: o recado. Procura-se um coração que não seja maltratado pelo tempo e que as marcas do tempo já estejam apagadas. Que seja leve e que não procure perfeições. Procure-se um coração desajeitado e com olhos brilhantes e de sorriso aberto. Deve ser altruísta, jamais egoísta e deve realmente querer se entregar. Procure-se um coração sujeito a muitas emoções, e irá acelerar frequentemente por tantas sensações.
Existem corações de todos os tipos formas e tamanhos,
aqueles que tomam vinho tinto diariamente para esquecer-se do vazio causado por
alguma decepção. Há corações tímidos, alegres e insensatos. Corações que adoram
o silêncio e também aqueles que riem de dentro para fora com vontade, pois cada
risada é um impulso de alegria lá dentro do peito.
Em um mundo cada vez mais visual, onde a imagem fala mais
alto do que os sentimentos. A procura de
corpos perfeitos se torna cada vez mais severa, frenética. E os sentimentos
onde ficam? Corações em silêncio exuberante,
em branco como uma folha de papel
precisando ser preenchidos por poesia démodé. Na loucura do dia a dia o sentimento não é
mais prioridade. Há corações esfacelados, solitários aos montes.
Não saberia identificá-lo, talvez os olhos brilhantes seja
uma pista que ele está por perto. A cor dos olhos? Seria como duas jabuticabas de
tão doces quanto seu olhar penetrante. Seus olhos irão piscar na mesma
velocidade tamanha sincronicidade. Os
sorrisos irão se abrir na mesma proporção pela felicidade momentânea. As mãos
ficarão frias ou suadas e você não se reconheceria mais por tantos
acontecimentos frequentes de
transformações. O barulho será imenso, pois os dois corações irão se reconhecer
e causarão um atordoamento gigantesco na calma que estamos acostumados. Agora é
hora de fechar o jornal e sentir a emoção de dois olhos que brilharam no
primeiro encontro.
Texto originalmente publicado no Jornal: A Novidade
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