Ela sentada em um café com uma mala gigante ao seu lado,
tomando seu café expresso quente e folheando alguma revista de moda. Usava saia e meias pretas,
sapatos de salto alto, unhas vermelhas e a maquiagem pesada, que além da
doçura e da juventude por trás de toda aquela maquiagem, existia sim uma
personalidade forte, porém o amor transbordava até os poros. Ela estava em
algum café de algum aeroporto e aquela mala significava alguma coisa. Ela iria
conhecer algum lugar e ficar por um tempo longo.
O batom vermelho e a pele branca ganhavam um contraste
contra toda aquela luz que entrava pela janela lateral do ambiente. Quando ele
a viu naquela posição logo pensou em uma foto. Fotografo e também viajante.
Tirou a máquina do estojo e sem que ela o percebesse tirou algumas fotos, logo
guardou o equipamento, terminou seu café e saiu. O seu voo logo iria sair.
Quando ele entra no avião e procura seu lugar para sentar-se
tem uma surpresa imediata. Quem está sentada ao lado do seu lugar reservado? A
moça do café. Ele se apresenta como Lucas e ela como Renata e a conversa para
por aí. Ela ainda está com a revista de moda nas mãos. Lucas pega um livro
sobre fotografia e começa a ler, pois terão algumas horas de voo.
Os dois lado a lado, leram, assistiram filme e até ouviram
música. Até um certo momento Lucas começou a puxar assunto e perguntou o que
ela iria fazer no Chile? Ela respondeu que queria conhecer a cidade de Santiago. Ele pensou que com aquela roupa e aqueles saltos seria um contraste naquela cidade. Ela também perguntou o que ele pretendia fazer no Chile. Ele educadamente
respondeu que era fotógrafo e seu sonho era fotografar as paisagens e cidades
do Chile, começando por Santiago. Dali em diante os dois começaram a conversar
mais, sobre seus sonhos, objetivos de vida, trocaram até os números de
telefone.
Ele descobriu que ela estava no final da Faculdade do curso
de Design, morava com duas amigas em Porto Alegre e tinha um gato chamado
Alfred. Que nome pensou consigo mesmo e sorriu por dentro. Ela gostou do que descobriu sobre ele,
fotógrafo independente, morava em Novo Hamburgo sozinho e iria fazer uma
exposição com suas fotografias em Porto Alegre. Quando menos esperaram o avião
pousou e seus corações também, porém de uma maneira diferente. Se despediram e
Lucas falou que iria ligar para conversar mais, quem sabe marcar um café. Cada
um seguiu o seu caminho sem olhar para trás, mas com os corações cheios de
esperanças.
Texto publicado originalmente no Jornal: A Novidade.
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