domingo, 4 de dezembro de 2016

A moça do café



Ela sentada em um café com uma mala gigante ao seu lado, tomando seu café expresso quente e folheando alguma revista de moda. Usava saia e meias pretas, sapatos de salto alto, unhas vermelhas e a maquiagem pesada, que além da doçura e da juventude por trás de toda aquela maquiagem, existia sim uma personalidade forte, porém o amor transbordava até os poros. Ela estava em algum café de algum aeroporto e aquela mala significava alguma coisa. Ela iria conhecer algum lugar e ficar por um tempo longo.

O batom vermelho e a pele branca ganhavam um contraste contra toda aquela luz que entrava pela janela lateral do ambiente. Quando ele a viu naquela posição logo pensou em uma foto. Fotografo e também viajante. Tirou a máquina do estojo e sem que ela o percebesse tirou algumas fotos, logo guardou o equipamento, terminou seu café e saiu. O seu voo logo iria sair.

Quando ele entra no avião e procura seu lugar para sentar-se tem uma surpresa imediata. Quem está sentada ao lado do seu lugar reservado? A moça do café. Ele se apresenta como Lucas e ela como Renata e a conversa para por aí. Ela ainda está com a revista de moda nas mãos. Lucas pega um livro sobre fotografia e começa a ler, pois terão algumas horas de voo.

Os dois lado a lado, leram, assistiram filme e até ouviram música. Até um certo momento Lucas começou a puxar assunto e perguntou o que ela iria fazer no Chile? Ela respondeu que queria  conhecer a cidade de Santiago.  Ele pensou que com aquela roupa e aqueles saltos seria um contraste naquela cidade. Ela também perguntou o que ele pretendia fazer no Chile. Ele educadamente respondeu que era fotógrafo e seu sonho era fotografar as paisagens e cidades do Chile, começando por Santiago. Dali em diante os dois começaram a conversar mais, sobre seus sonhos, objetivos de vida, trocaram até os números de telefone.

Ele descobriu que ela estava no final da Faculdade do curso de Design, morava com duas amigas em Porto Alegre e tinha um gato chamado Alfred. Que nome pensou consigo mesmo e sorriu por dentro.  Ela gostou do que descobriu sobre ele, fotógrafo independente, morava em Novo Hamburgo sozinho e iria fazer uma exposição com suas fotografias em Porto Alegre. Quando menos esperaram o avião pousou e seus corações também, porém de uma maneira diferente. Se despediram e Lucas falou que iria ligar para conversar mais, quem sabe marcar um café. Cada um seguiu o seu caminho sem olhar para trás, mas com os corações cheios de esperanças.

Texto publicado originalmente no Jornal: A Novidade.


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