No outro dia Sabrina abriu os olhos e não pode acreditar em
tudo que vivera no dia anterior. O sábado estava lindo, o sol quente que ardia
lá fora, entrava pela fresta da janela e ensolarava seus pés inertes na cama.
Sabrina resolveu levantar, tomar café, se arrumar e ir ao mercado. Antes olhou
o celular e estava lotado de mensagens das amigas querendo saber de alguma
novidade e também mensagens de Gustavo, o moço misterioso do bar do dia anterior.
Eles trocaram algumas mensagens e Gustavo a convidou para sair à noite. Ela
aceitou e resolveu não falar nada sobre a cadeira de rodas.
Sabrina saiu de casa para ir ao mercado, fez compras, passou
na livraria, comprou um livro que queria muito ler, até pensou em comprar algo
para Gustavo, no entanto não sabia nada sobre ele. Ela ficou imaginando como
ele seria, seus gostos, sua personalidade, talvez gostasse de economia. Talvez
fosse um arquiteto, ou trabalhasse com informática, tantos talvezes que culminavam
seu pensamento que a mesma nem conseguia pensar direito. Também bem lá no fundo
do seu coração um sentimento ridículo sobre a sua condição de cadeirante estava
deixando muito ansiosa. Resolveu não pensar voltar para casa, preencher seu
tempo para que a noite chegasse logo.
A noite chegou, Gustavo mandou mensagem perguntando se ela
queria que a pegasse em casa. Ela pensou e respondeu que os dois poderiam se
encontrar no restaurante. Ela se aprontou, não provou muitas roupas, sabia que
não poderia deixar ele esperando, se maquiou, chamou um táxi e foi. Ele escolheu um restaurante italiano muito
bonito, um ambiente calmo, música baixa. Quando ela chegou lá por sua surpresa
havia uma rampa na entrada, ela sorriu por dentro ao ver a rampa, nunca apreciou
tanto uma rampa em sua vida. Será que ele sabia que ela era cadeirante, ou foi
mera coincidência? Tantas dúvidas perturbavam sua mente. Ela entrou no
restaurante e pediu o número da mesa que ele tinha feito a reserva.
Acompanhando a recepcionista, o avistou e o medo tomou conta do seu corpo.
Ele levantou e sorriu, ela a retribuiu o sorriso, ele veio
até a ela, tirou a cadeira debaixo da mesa para dar espaço para a cadeira de
rodas e então a beijou no rosto. Os dois pediram sua comida e uma onda de timidez
tomou conta sobre aquela mesa de número 13. Com o tempo os dois foram se
abrindo, conversa aqui, ali. Ela se empolgava com cada risada dele. O Jantar
terminou, ele a levou para casa e ao se despedir falou que gostou muito dela e
gostaria de repetir- ela respondeu o mesmo. Os dois se encontravam três a
quatro vezes por semana, teatro, cinema, bares, praças e restaurantes. A cidade
era pequena para os dois, toda a fome e sede que possuíam para viver esse amor.
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