Sabrina é cadeirante quase uma década, ao mesmo tempo que ela se orgulhava da cadeira de rodas também a escondia. Sempre que saia com as amigas, em bares e restaurantes, escolhia um lugar que a cadeira ficasse encostada na parede assim ninguém podia imaginar que havia alguém sobre as quatros rodas ali. Ela sempre foi muito inteligente. Gostava de ler, filmes, fazia fisioterapia para manter a sua vida ativa como qualquer pessoa. Ela se sentia normal, mesmo que o mundo às vezes não a reconhecia como tal. Ainda existia a falta de acessibilidade arquitetônica por onde passava.
Sabrina sabia de tudo isso, de todo esse mundo um pouco mais complicado, porém ela não desistia da vida, do amor e de tudo e todos que a cercavam. Trabalhava em uma em uma grande empresa de cosméticos, gostava de tudo aquilo que o cercava. Adorava o cheiro das plantas, das flores que havia no local onde trabalhava, onde a alquimia se fazia e tudo aquilo se transformava. Era de poucos amigos, no entanto tinham alguns bons amigos que saia de vez em quando para se divertir.
Sabrina morava em um pequeno apartamento, porém confortável e
adaptado para as necessidades de uma cadeirante. Gostava da sua vida tranquila
e calma que levava. Às vezes saia com as amigas do trabalho para barzinhos ou
pubs, elas sempre se divertiam muito, riam e contavam histórias hilárias de
romances mal sucedidos. Sabrina nunca se abria nesses episódios. Foi num desses
encontros que o garçom lhe entregou um bilhete de alguém que teria mandado com o
telefone e o nome. As amigas de Sabrina ficaram eufóricas e pediram até um
espumante para brindar com estilo como diziam.
As amigas fizeram Sabrina adicionar o número na agenda de
contatos do celular, assim poderiam ver a foto do moço misterioso. Assim
Sabrina fez e escreveu um oi no aplicativo de mensagem. Todas acharam o máximo
tudo que estava acontecendo naquele momento, pois elas entendiam que Sabrina como
elas também estavam esperando o grande primeiro amor. Sabiam que poderia ser
apenas alguém querendo brincar com os sentimentos de Sabrina, assim como amigas a alertaram. O
aplicativo de mensagem não parou a noite inteira enquanto os dois conversavam.
Ele falou que teve que sair do bar às pressas para resolver problemas
familiares e quando viu Sabrina deixou o papel com o garçom para lhe entregar,
pois assim não perderiam contato.
Quando chegou em casa Sabrina sorriu por dentro, que tudo
poderia mudar a partir de agora, no entanto ela achou melhor não guardar muita
esperança. Talvez, ele provavelmente não
teria visto a cadeira de rodas e poderia ser apenas um alarme falso como todos
os outros. Ela sorriu para a foto que ele mandou e adormeceu.
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