Cada um em seus dias rotineiros, os dois trabalham no centro
da cidade, José cursa direito, Fernanda filosofia. Moram no mesmo bairro,
frequentam os mesmos lugares. Às vezes se esbarram pelas ruas, em algum
cruzamento movimentado trocam olhares e meios sorrisos. Na faculdade estudam em
setores diferentes, na biblioteca, na cantina sempre se encontram. Quase sempre
ela o observa quando ele está compenetrado em algum livro. Fernanda até pensar
em falar com ele, no entanto sempre deixa para depois e esse depois nunca
acontece.
José também a observa quando está em algum momento sozinha,
na cantina tomando seu suco de melancia e lendo Platão. Pensa que deve ser um
dos autores preferidos dela. José imagina como ela deve ser diante da vida,
quais seus sonhos, conquistas. Toda vez que ele passa por algum corredor e ela
está presente, faz que algum livro caírem e os junta vagarosamente só para
ouvir novamente o som da sua voz calma,
tranquila. Ele comenta para alguns amigos que está começando a se apaixonar por
ela.
Por uma coincidência da vida, soube de alguns workshops que
aconteceriam na faculdade e iria integrar cursos de diferentes áreas, essa
realmente era a chance que ele tinha para conhecer ela. No dia dos workshops
ele a avistou com algumas amigas do curso de filosofia, parecia interessada e
marcava tudo em alguma agenda. Depois alguns amigos marcaram para sair,
conversar. Amigos de cursos diferentes se juntaram e Fernanda estava
entre eles. José estava dando pulos de alegria, só precisava sentar do lado
dela e puxar conversa, o resto aconteceria naturalmente.
E assim aconteceu, os dois finalmente se encontraram naquele
dia de lua e estrelas no céu. Uma conjunção a favor do sentimento que eles
guardavam um pelo outro, a voz doce dela falando de seus interesses, seu
perfume suave que invadia todo ser dele.
Depois de algumas taças de vinho e muita massa saíram pela noite
gelada. As estrelas compactuavam
formando desenhos, tocava uma música ao
fundo vindo de algum lugar, ele a convidou para dançar no meio da rua. Fernanda
aceitou no meio de um sorriso soube que aquele José é o que ela imaginou
durante muito tempo de encontros de olhares furtivos e meios sorrisos pelas
avenidas daquela mesma cidade. Ela agradeceu por ele estar ali, do seu lado.
Texto publicado originalmente no Jornal: A Novidade.
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