sexta-feira, 8 de julho de 2016

Você




Quem é você? Você já deve ter feito essa pergunta por milhares de vezes. Algum dia deve ter encontrado algumas respostas; talvez, intraduzíveis. Eu não vou responder nada, pois ninguém é dono da verdade absoluta. Só queremos uma resposta, e, com isso, surgem muitas outras perguntas. Às vezes, fico pensando de como seria se eu não fosse cadeirante, por exemplo. Será que eu teria lido os mesmos livros, meus gostos seriam os mesmos?

Somos a soma de tudo que tocamos, consumimos no mundo. Você é tudo o que leu, aprendeu, as aulas da faculdade que te interessaram. Você é todos os cafés que tomou, as tortas e bolos deliciosos que comeu. Você é tudo que aprendeu na infância, e também as músicas que te influenciaram de alguma forma. Você é todos os filmes que assistiu e guardou, é os lugares que visitou e os caminhos que seguiu.

Você é toda a lembrança boa da infância, enquanto corria pelas ruas com pés descalços, é também aquela lembrança não tão boa. É os bolos que tomou, e os tombos que conseguiu por fim levantar. É as gripes que teve naquele inverno rigoroso e como o deixou frágil. Você é as lágrimas que rolaram pela sua face, é os sorrisos seguidos das gargalhadas que te fizeram sorrir. É as dúvidas que te assombraram por algum momento, e também os arrependimentos, é os abraços dados e recebidos, os amigos que fez e aqueles que quis levar para a vida. Você é a sua rebeldia, enquanto adolescente, quando usava aquela calça rasgada e aquela camiseta do Rolling Stones. Você é todas as tatuagens que fez.

Você é as roupas que gostou, o dinheiro do café, os discos e o primeiro carro que comprou. É a profissão que escolheu, a profissão que largou e decidiu começar tudo do zero. É o primeiro beijo que deu, o primeiro amor que fez seu coração acelerar mais forte, o segundo, o terceiro, o quarto e... Você é as pessoas que não te amaram, as pessoas que te fizeram sofrer, as pessoas que você fez sofrer. É aquele que reaprendeu a amar e aprendeu que todo dia é um novo recomeço. Também aprendeu sobre como viver sozinho em algum momento da vida. Você é o filho que carregou no colo, e aquele que escolheu para caminhar de mãos dadas ao seu lado.



A nossa única certeza é que somos tudo isso e um emaranhado de mais e mais escolhas que fizemos todos os dias. Somos únicos nesse mundo cheio de gente, de escolhas, e essas experiências são que nos fazem mais ímpar ainda. Não adianta querer se enquadrar em alguma forma que não será a sua verdade. A nossa maior verdade é que ninguém é igual a ninguém. Isso já é motivo o suficiente para nos sentirmos únicos, como as nossas digitais, pois é a melhor maneira de comemorar o quanto de especial somos nós de ser quem somos. 

Beijo grande!

Texto publicado originalmente no Jornal: A Novidade

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